DionÃsio Dinis
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« em: Setembro 19, 2007, 22:02:02 » |
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Mãos tenazes e lassas,
simultâneas mãos, dúbias qualidades.
O pensamento voa preso,
papagaio de papel ás ordens do vento,
ao manejo das mãos,
o lúdico meninar em intacta cabeça livre,
infâncias idas, recorrentes memórias
Cabeça ao fundo, o mar, a praia,
na areia fincadas as mãos, âncoras derradeiras
em naufrágio eminente. De ideias transbordantes, cabeça rede,
mãos estanques sustendo fluxos brotantes,
peixe em estertor,
neurónios em novelo,
labirinto cerebral, em
compactas clausuras, as mãos castrantes,
a cabeça prisioneira!
A cabeça manietada, algemas no pensamento,
mãos temerárias, carentes,
inverosÃmeis gestos descoordenados. Pensantes,
entrelaçadas, descuidadas e já frias de calores gastos.
A cabeça das mãos fugitiva , errante
em oceanos e firmamentos perdida,
consecutivas viagens em velocidade luz,
das alturas maiores de mirÃficos sentires,
em abruptas quedas nas profundezas oceânicas,
gélidas, negras,
lugar de corações silenciados.
Entre as mãos a cabeça,
prenhe de todos os pensamentos existentes,
geradora de enunciados futuros,
o mundo em sobrepeso, esmagador.
As mãos incapazes!
A cabeça no chão rolando no mundo,
incerto rumo, vagamente perdida
em percursos declinantes , em todas as escolhas
livre.
Lúcida , pouco sensata ,irmã de inusitados viveres
o próprio reflexo da loucura, mas
sempre devotadamente livre, em
eternas caminhadas surreais.
Despojada, livre andarilho sempre caminhante, das mãos um breve repouso,
rolando no mundo, do tamanho do mundo,
o ogre devorado. Paradoxalmente!
Paradoxalmente autofágica.
Entre as mãos as mãos
e a cabeça hipérbole!
Mãos no queixo o mundo na cabeça!
DionÃsio Dinis
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