Jorge Luiz Alves
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...um passeio literário pela boa terra...
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« em: Janeiro 15, 2009, 00:28:55 » |
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por: Jorge Luiz da Silva Alves
...tomemos como referência o espaço: observadores que somos, dos incontáveis corpos siderais que zanzam errantes pelo gélido vácuo, escapamos, à velocidade da luz, do último quarteirão de galáxias, da poeira cósmica das nebulosas espiraladas, de famintos buracos negros, estrelas anãs e supernovas; na leitosa formação de constelações nossos rastros são apagados por cristalinas caudas de cometas ciganos, asteróides do tamanho de três luas juntas resvalam-nos por um triz de um vero Armaggedon até que, ultrapassada a fronteira com Alfa-Centauri determinada pelo pseudo-plutão, vamos perdendo a força mas não a essência em si; ela é quem nos empurra para além do descomunal Netuno, do anelado Saturno e do gigante gaseificado Júpiter; outro cinto de rochas é deixado para trás e o rubro-morto Marte avisa: "Aqui jaz o que fôra... mais além!, mais além!!, ide!!!" ; já no empuxo derradeiro e sem a propulsão original da Fonte de Todo o Ser, chegamos à quele esferóide rochoso azulado, fermentante em bilhões de unidades-carbono; e, exatamente como nos fôra orientado, o atrito com o gás nocivo desta singular esfera incendeia-nos (no futuro, essas criaturas bÃpedes-pensantes chamar-nos-ão "lÃngüa de fogo" ou qualquer outro deificante rótulo; e justamente, numa dessas unidades continuaremos a incandescer a essência vinda dos extremos do inimaginável; na minúscula forma, ainda atada a delgados sustentos no ventre de uma carbono-fêmea luziremos, neurônicos, no interior de uma acinzentada massinha: esta é quem perpetuará a espécie e o próprio planetóide; ela é quem criará a nova chance para que essa essência (abundante no Universo) prolifere, atinja patamares de suficiente grandeza até que, no espasmo final da combalida unidade-carbono precisemos sair após o fim do processo de decomposição: já ricos pela transubstanciação, retomamos a viagem. Desta vez, tomemos como referência, as moléculas já amortalhadas: escolhemos um grupo delas para, no mais resistente núcleo atômico, demandar-nos a um velocÃssimo elétron; eis que dissecado o mesmo, nos deparamos com um enorme, sombrio e gélido vácuo...
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