AGARRAR O NADA

[josé antonio]

Eu sei agarrar o nada que vocês não querem.
 
Eu sei agarrar o nada que apanho do olhar as nuvens
e que vocês esquecem e deitam fora.

Eu sei agarrar o nada do chilrear do pássaro
que me canta o dia todas as manhãs
e que não o podendo segurar na  mão o meto na memória.

Eu sei agarrar o nada duma lágrima de criança escorrendo perdida
magoada e gorda de revolta.

Eu sei agarrar o nada de mãe e o nada de pai
vexados pela maldade da ilusão.

Eu sei agarrar o nada
por onde passo
nunca o esmagando …

para que o nada cresça e se faça tudo. 


19.01.2009

[josé antonio]

Olá Conceição,

Além de saber agarrar o nada, hoje já o agarrei algumas vezes, amiga.
Abraço

[Karla Bardanza]

Acho que eu agarro o nada todo dia!A-do-rei!

[josé antonio]

Olá Karla,

Bem bom..
Abraço

[Goreti Dias]

Senti este poema como se de pétalas perfumadas se soltassem os versos. Um poema de ternura e sensibilidade! Adorei!

[josé antonio]

Bom dia,

Abraço.

[Goreti Dias]

Para si também!
Abraço

[carlossoares]

Um poema inspirado a lembrar-me os tão conhecidos versos de Torga «A vida é feita de nadas/de grandes serras paradas/à espera de movimento/ de searas onduladas pelo vento» ...
O valor das pequenas (grandes) coisas. Ai de quem não o souber reconhecer!

[Dionísio Dinis]

E contudo, um poema pleno de significados e asserções de esmerado entendimento das coisas.Muito bem!

[josé antonio]

Olá Carlos Soares,

Temos de conseguir ver, agarrar e construir a partir dos nadas. Cada vez mais.

Abraço


Domingos da Mota,

Evidentemente.
Abraço amigo.


Olá Dionísio
Alguém tem de entender o nada!
Nós.
Abraço

[Sandra Fonseca]

E os poetas sabem, como ninguém, ver num "nada" um futuro. Adorei ler-te.
Abraços,
Ex-colega ? nada!

[josé antonio]

Olá Sandra

Mais difícil é que consigo apanhar os nadas mesmo no ar!
Abraço