josé antonio
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escrever é um acto de partilha
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« em: Janeiro 24, 2009, 12:23:25 » |
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Iria levantar na semana seguinte, no stand habitual, o terceiro automóvel no espaço de três anos. Um porque desfeito num embate de madrugada sob efeito do álcool e o segundo porque desactualizado e substituÃdo por novo design. Estava na casa dos trinta anos com um curso inacabado, sem médias, nem cadeiras, nem bancos, nem nada. Do primeiro acasalamento nascera a única filha que conseguia – porque necessitava de ser alimentada, viver com ela. Seguiram-se outros acasalamentos todos com a mesma estratégia – a do amealhar o máximo para o melhor futuro possÃvel. Os homens só lhe serviam para isso, por tal motivo demorava mais tempo a seleccioná-los que a vender-lhes o prazer do sexo até lhes esvaziar a carteira e lhes deixar um bilhete ultimato a terminar com o negócio, ou mais simples ainda, não atender aquele número no telemóvel. Propagandeava-se como feliz e realizada. Naturalmente porque nunca sentira tal ou talvez e apenas comiseração pessoal. Sem horários em toda a sua vida de mulher adulta, vangloriava-se com desdém dos que têm de ter agenda, no mÃnimo na memória e horas e minutos e compromissos e tarefas para cumprir. Chamava-se a si própria de ave sem ninho nem pouso. Faltava-lhe acrescentar de rapina. Nos poucos intervalos de vida e encontros com a filha atacava-a com a falta de responsabilidade apesar de já ser de maior idade e falta de preparação para um futuro bem sucedido, como o dela. A filha foi crescendo e evoluindo. Estudou até receber convite para emigrar. Por lá ficou, fez vida, famÃlia e sucesso. Ela, começou a ser marcada pela sentença dos anos a ter pouca procura e já sem acasalamentos, mudou-se para um T0, começou a utilizar o metro e viver com o que restava do mealheiro de antigamente.
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