talhada a cinzel,
uma lua laranja vela o horizonte.
em tal aura, refugia-se a essência desnuda
e pressente-se a indelével partitura do cosmos.
no silêncio transformado em paz,
onde palavras são fábulas de paixão,
o aroma revela a melodia do profundo
que enleva a água-marinha aos nenúfares
e insufla em ternura nuvens prateadas.
noites azuis,
pepitas de ouro.
como orquÃdeas suspensas em lagos,
estrelas pendem serenas.
nesses rastos brotam sonhos.
pelo voo do beija-flor
que solta as harpas do encanto
do jasmim insubmisso.
é em pleno desprendimento que recordo.
quando sou intermitência da consciência antiga.
e semeio-me, breve, no campo da noite,
às pétalas de marfim, às gotas de luz
do orvalho banhado em raios de água pura.
mimo da mãe terra.
porque as origens são cegas. somente atribuÃdas!
estremeço com o ritmo da tua frequência.
não por inânia, mas por rendição.
por retornar ao uno que fomos,
pelo resplendecer da Ãris exaltada,
pelo arquejar do corpo omnisciente
no resgate dos beijos de jade.
ah! os lábios de fogo anseiam pelo sabor
do teu travo de framboesa fresca,
que faz esse colar silvestre de esmeraldas
onde toda a lembrança se embala.
e vago, nos estilhaços das eras,
renascido em teu flamejar.
por fim, a alma do jardim da tranquilidade.
no casulo de seda que afaga as asas da luz,
em tempos do tempo sem tempo.
os tons de púrpura expandem-se
e a face lÃmpida da liturgia cósmica emerge:
a densidade é o tecido do amor
o cântico a sua expressão.
encerro a tristeza em gomos de romã.
não para a esquecer, mas para a despojar.
pois as lágrimas de sangue são vida!
é por elas que a emoção é nutrida.
é por elas que suspiro na cripta sagrada do Ser.
pelas letras que fazem a poesia celeste,
nas névoas da água universal do reencontro.
descansarei,
verbo no Canto Único.
in Comentários na face da Noite