breve ensaio ao monólogo

[antónio paiva]

tem quatro casas o botão,
todas elas caseadas,
por linhas bem entrançadas.
estás a vê-lo diante do teu nariz?
há-os de plástico de prata de oiro e latão,
também os há de chifres,
talhados na vida de um pobre cabrão.

estás a ver aquela linha alaranjada,
entre dois retalhos de nuvem?
estás nada, a esta hora julgas-te Platão!

pobre diabo, encantado com o seu umbigo,
qual filósofo em alegoria da caverna,
escondido e só, a curar  ignorância.

e agora diz-me lá,
por que não aprendes a cerzir a alma?
vá anda, reponde-me!
por que não me dizes nada?
ah! já sei!
de esqueleto não passas.
e para mal dos teus pecados,
a tua inteligência sempre viveu acamada.

[Goreti Dias]

Cerzir a alma, António? Mas isso exige muita arte e não se aprende em qualquer curso de corte e costura.
Um texto para fazer meditar todos quantos não sabem de quantos retalhos é feita a sua alma.
Beijo

[antónio paiva]

...

estimado Domingos da Mota,

passamos a vida em busca de respostas, a vida é um processo de aprendizagem permanente. os que escrevem abrigam-se nas palavras, ainda que às vezes nada as distinga dos silêncios.

grato.

...

amiga Goreti,

exige muito trabalho, já que a arte, seja lá no que for, é algo tão nobre, e tão difícil de alcançar.

meditar devia ser um modo de vida, a juntar retalhos sarando atenuando as dores de alma.

grato.

beijo

[vilde]

"pobre diabo, encantado com o seu umbigo,
qual filósofo em alegoria da caverna,
escondido e só, a curar  ignorância."

António,
Adorei ler esse ensaio de fala só!
Com e sobre os seus botões
num diálogo de meditação
bem conseguido.

Um Bj
vilde

[antónio paiva]

...

vilde,

e eu gosto da atenção que dedica ao que escrevo.

e sim, falo só na escrita, mesmo quando falo dos outros. a escrita dá-me o privilégio de poder plagiar vidas alheias.

grato.

beijo.