A ÉTICA DOS CANALHAS

[zésilveiradobrasil]

Se, se deixares dominar
por essa insana e atormentada verve,
apenas para o brilho do pedestal
do seu tutor; cairás no ridículo.

Se tu se perder numa visão una,
no afã do esplendor da ribalta
que teima ficar na penumbra.
Desista...
Não haverá u’a mão no interruptor.

Afogar-se-á no próprio limo,
Desnortear-se-á no próprio limbo.
Mas sobreviverás...
junto à claque dolente.

Mas não me condene.
Não sou quem não quer o olhar,
nas atitudes mais humanas.
Reconheça-se, e renasça.

Se da infâmia
dá-se a útil convivência,
e se as escoras lhe aprazem,
e se atrais as muletas, e se atrelam a ti,
e não rejeitas;
Reveja-se...
Pois se não o escoram,
escoram-se em ti.

Aplaudem-no
enquanto
arauto servil.
Sugarão à tua sombra,
enquanto
houver insensatez,
enquanto
persistires na inércia,
enquanto
esqueceres das virtudes,
enquanto
afastares da razão.

Oh! Corja que se ufanam de inconsequentes ritos.
Oh! Amontoado de sanguessugas, de sede irrestrita.
Oh! Escória de maus que não atendem aos gritos.
Oh! Cruéis de injustos atos sob o escudo da escrita.

Maldita ética dos canalhas sobreviventes.

Oh! Malditos,
ainda individualizam-se,
vestem-se da própria pele
para reconhecerem-se.
Bastam-se, de si; bastam-se,
para alumiarem a tosca mente,
envelhecida, carcomida,
enroscada em sorrisos frouxos,
refrescando o fígado
como os fantasmas
ressuscitados
da velha escrita.

Oh! Seres.
Oh! Pobres Seres
mergulhados no barro
ressequido das velhas palavras.
Delas não se desvencilham,
arrastam-nas em versos
pré e pós aversivos
as inovações.

Lhes são demais as alvoradas.

Sabemos o que escrevem...
É cicuta.
Envenena, e envenenam-se,
não é mais paixão a poesia,
nem mais a ânsia do poema habita.

É maldade gratuita,
e que grotescamente
sob a égide da escrita,
abraçam a palavra, usam-na, e;
em gotas insistentes,
destilam abioto em doses
diárias e permanentes.

Oh! Pobres poetas e suas sutis brutalidades.
‘As palavras não morrem sorrindo’
Dementes!

[Goreti Dias]

O poder da palavra no mundo. Já reparou que, por exemplo, a imprensa consegue derrubar mais rapidamente um governo do que as maiores atrocidades que ele tenha cometido contra o povo do seu País? As palavras são tão poderosas que assassinam. Saber manejá-las em prol da paz é uma técnica de difícil aprendizagem.
Abraço

[zésilveiradobrasil]

O poder da palavra no mundo. Já reparou que, por exemplo, a imprensa consegue derrubar mais rapidamente um governo do que as maiores atrocidades que ele tenha cometido contra o povo do seu País? As palavras são tão poderosas que assassinam. Saber manejá-las em prol da paz é uma técnica de difícil aprendizagem.
Abraço

Cara Goreti, 'tutto vero', e sentida aqui esse poder das suas palavras. As minhas neste escrito não há poder, talvez um ânsia vômito por nojo, ou raiva, fomentado pela minha inquietação em repudio duma situação onde a arrogância, a prepotência e a covardia fizeram premência e foi aplaudida. Nem gostei muito depois que li o que escrevi. Mas saiu assim, às golfadas; e assim ficou no papel. Numa hora qualquer, deve prestar para alguma coisa. Um beijo e fraterno abraço.
Silveira

[Dionísio Dinis]

Assim são os canalhas que mentem e caluniam sem vergonha na cara.Assim são os que batem com a mão no peito a invocar méritos próprios e superiores.
Muito bem, prezado Silveira.

[zésilveiradobrasil]

Assim são os canalhas que mentem e caluniam sem vergonha na cara.Assim são os que batem com a mão no peito a invocar méritos próprios e superiores.
Muito bem, prezado Silveira.

Caro Dom Dinis, agradeço. com essas palavras você se torna um elemento importante na voz do poema. Obrigado. meu fraterno abraço amigo poeta.
Silveira

[CAMPISTA CABRAL]

E todos os canalhas deveriam desaparecer entre as brumas! O poema é forte, incisivo, por vezes, demolidor, como se fosse um soco no ar ou no estômago. As palavras são poderosas como disse muito bem Goreti. As palavras têm um poder inimaginável: a construção de mundos ou a destruição de sonhos! Um texto, um manifesto, uma reflexão! Palvras ditas "às golfadas", palavras e mais palavras como se fossem faca, punhal. E cortam, cortam profundamente. Tenho quatro poemas do grupo OS ELEMENTOS (terra, fogo, ar e água) Leia-os quando puder. Um grande abraço aqui do Brasil e parabéns pelo texto!

[zésilveiradobrasil]

caro poeta CAMPISTA CABRAL, deu-me gosto ler seu comentário. pelo ímpeto das suas palavras, houve uma agudez no olhar. um levantar de voz de quem é acostumado ao cotidiano brasilis, das causas e os efeitos nocivos ao homem e a sociedade, que nos força com a força da palavra, manifestarmos-nos implacavelmente. grato pela presença aqui. aceite meus cumprimentos.
fraterno abraço aqui de um 'Carioca da gema', morador de Niterói. é só descer a serra, ou eu subi-la. rs
Silveira 

[CAMPISTA CABRAL]

O Oswaldo comentou que você é brasileiro! E eu mandando um abraço do Brasil!!!! (melhor não comentar) Moro e trabalho em Teresópolis, mas também trabalho em São Gonçalo, ou seja, bem perto de Niterói. Estavas tão perto, que ironia! Quando pudermos façamos um encontro entre nós brasileiros do Escritartes. Seria interessante trocarmos ideias!

Um grande abraço!!

[Goreti Dias]

Essa era uma óptima ideia! Sabe que eu organizei o primeiro encontro de portugueses do Recanto das Letras? Foi lá que conheci muita gente que viria para este site que criei pouco depois.