Hoje, desassossegam-se os sentidos

[Goreti Dias]

Entre os sonhos que me escaldaram a loucura, surgiste-me, tempestade inesperada invadindo uma alma vazia.
Hoje, desassossegam-se os sentidos que passearam um dia por mim e, na magia de um ocaso, o sol afogou-se no mar. A lua em todo o seu despudor brilha agora, negra, numa paisagem invertida.
Passeias-te por fora de mim, no avesso da magia, numa noite sem estrelas. Tatuado na profundeza da macieza da minha pele, deixo a escuridão chegar de mansinho e apagar-te aos poucos.
Choro  na brisa que um dia foi quente, soprando da tua boca.
Redesenhaste-me as formas e coloriste as minhas desertas planícies. Estava desidratada e suavizaste-me a pele com o teu toque.
Hoje, perdido o Norte no vale das sombras, deixou de pulsar a minha paixão por ti; conto as batidas desalentadas do meu coração, e deixo secar a saliva que me refrescou o ventre.
 Devagar, atinjo o cume do desalento e pinto estrelas negras no meu céu tingido de sangue rubro.
Hoje, quero repousar à sombra fresca de um frondoso cipreste. 

[Dionísio Dinis]

Uma escrita assaz viva, assaz criativa.Um poema que intui um sol redentor a nascer a todo o momento.

[Goreti Dias]

Obrigada pela paciência de ler os meus escritos e de se dar ao trabalho de os comentar.

[Goreti Dias]

Obrigada, Conceição, pelo apoio.
bj

[carlossoares]

Goreti,

Aprecio especialmente, e valorizo pelo maior grau de exigência discursiva, o seu estilo contido e disciplinado em que a própria noção de vazio, de desalento e de deserto não escapam ao domínio de uma consciência temperada a fogo intenso.
Beijo

[Goreti Dias]

Obrigada Carlos Soares.
Beijo