pedrojorge
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« em: Fevereiro 07, 2008, 00:12:40 » |
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Era quase o inÃcio do Outono, era eu aos 7 anos. Na escola primária, no baloiço, de mãos nas correntes, imaginava o porquê das letras, a anterior professora de cana nas mãos e a escrevê-las com o giz que coçava irritantemente o quadro, dela a arremessar o giz à cabeça de um distraÃdo. Era o começo do ano lectivo, a sessão era inaugurada comigo no baloiço do pequeno parque, a instigar os cedros da fronte da primária. Nunca usei bata. Nem para almoçar. Nem para cear. Quanto muito um pano, e ali me perguntava o porquê da batida das letras, da sonoridade do giz, da dança da professora, perguntava-me que baile era aquele, se era comparável ao folclore anual da festa da terriola, contudo, perguntava-me com toda a simplicidade de uma criança, se não tinha as palavras, recorria à imaginação. Tão presente naquele parque, sobre o balancé que subia e descia. Em cada vez que se invertia este dito da subida e descida eu pisava os pés em terra e via uma pequena escultura de partÃculas de areia, no meio de um pequeno parque. Para entretenimento se soubesse de algum nome mais, era do escorrega, que me queimava as pernas. Não era negável tal facto, devia ainda trazer os calções do Verão perdido na praia, no Algarve, quem sabe? E perante o meu corpo sentia-me à frente de um mosteiro. O mesmo sentimento de quando visitei o mosteiro da Batalha. Ou quando passava na ponte 25 de Abril, ponte de Salazar. Ainda para mais, naquele arrufar de areia, cedros e baloiço o tempo parecia estagnar, o meu cabelo longe de loiro que fora primeiramente escorregava sobre a minha face como se acompanhasse o Marco Aurélio do escorrega e apontasse para as salas de aula. Para as janelas. Ainda com armação de lenho. Uma armação que nunca vira em óculos, mas que tornava aqueles vidros aos quadradinhos e gerava um certo espaço na minha visão no momento em que descia do baloiço e ouvia mortiço o toque da campainha. O antigo toque da campainha. Como se fossemos burros e não soubéssemos ver as horas ou decorá-las, ou contar os segundos, ou fossemos domesticáveis. Nesta sensação de responsabilidade vivi muito tempo, a responsabilidade do toque. Um afecto que nos dizia se éramos corteses e pontuais. Outra ideia que me prendeu ao não sair da sala durante o intervalo da manhã. Amarras de borracha, como a sola das minhas sapatilhas. Rangia eu os dentes agarrado a um poste para não me tirarem de lá. Era eu aos 7 anos. A procurar o significado das palavras, já sabia a pronúncia de muitas, agora já lhes pretendia o teor. Como soltas ondas mornas de uma praia tropical. Ou o arfar do fôlego humano, a companhia colorida. Era uma manhã na minha fria escola primária. E assim foram muitas…
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