GOSTO DO GOSTO DA SAUDADE (in voice)

[zésilveiradobrasil]

in voice, José Silveira, MP3
http://www.clesioboeira.com/meump3/CDST-gosto-do-gosto-da-saudade.mp3

Tempos de menino.
Desconhecia as diferenças,
dos perigos espreitados da vida.
Mas talvez não as demências,
das ralhas dos velhos da família
Se é que velhos seriam!
Pois hoje sei o que é ser;
avô, avó, tio e tia.

Mãe e pai.

Piamente acreditava,
[ainda acredito]
Que nunca envelheceriam.
Para sempre; santas e heróis
Sendo assim; velhos jamais.

Mais os farrapos do baú
ficaram a mostra.
Não senti,
mas o tempo havia passado.
Moveu a roda da mó,
e o riacho o moinho,
que movia o monjolo
dia e noite, noite e dia.
para pilar o café
fazendo canjica quebrada
'pros passarinhos bicar'.

Ah! cheiro bom...
Perfumando a pradaria.

Passa aqui,
um filme na minha cabeça.

O carro de boi na estrada,
rangendo a roda ao vento.
Um canto, mais um lamento
ecoando na minha terra,
chão pisado de boiada,
barro ocre lamacento.

Liga não, dessa voz embargada.
É que a noite vem calada


e de chorar, dá vontade.


gosto do gosto da saudade,
do brilho nos olhos que isso traz.
Gosto do alumiar dos pirilampos
nos campos férteis da memória.
gosto de gostar disso,
de ser velho,
de tomar essa atitude,
dar adeus a juventude...
E ficar pra outra história.

[CAMPISTA CABRAL]

Gosto do gosto da saudade
[...]
gosto de gostar disso,
de ser velho,
de tomar essa atitude,
dar adeus a juventude...
E ficar pra outra história

O seu poema me toca fundo porque um dos meus temas preferidos é o tempo, o passar do tempo, as lembranças e as imagens que ficam e as pessoas que passam. Passamos também nós. E a saudade, nossa amiga, conta-nos histórias e somos, também nós, histórias de um tempo. Belo e sensível poema!

Um grande abraço!

[Abgalvão]

Meu amigo, este seu gosto pela saudade fez-me lembrar tanta coisa que estava esquecida no meu baú do tempo que acabei até gostando do gosto da minha saudade.
Valeu!
Abraço

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Também gosto do gosto da saudade. Gosto muito de falar da memória. Essa é minha matéria preferida. Leia os meus "Paraty", "Carmo" e "Arma bode". Lá a memória faz-se bem evidente.

Grande abraço do vizinho Oswaldo Eurico Rodrigues.

[Goreti Dias]

Há saudade gostosa. Como esta.
Abraço

[zésilveiradobrasil]

Gosto do gosto da saudade
[...]
gosto de gostar disso,
de ser velho,
de tomar essa atitude,
dar adeus a juventude...
E ficar pra outra história

O seu poema me toca fundo porque um dos meus temas preferidos é o tempo, o passar do tempo, as lembranças e as imagens que ficam e as pessoas que passam. Passamos também nós. E a saudade, nossa amiga, conta-nos histórias e somos, também nós, histórias de um tempo. Belo e sensível poema!

Um grande abraço!

só quem teve a oportunidade de viver esses momentos na sua própria história, e ou escutado alguém contar, é que é capaz de entender o canto do poema. senti que tu estais dentro o dele.
um forte e fraterno abraço poeta CampistaCabral.
Silveira
grato poeta.

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este é o papel do poema; abrir o baú, e deixar o ledor viajar nas asas da saudade, embriagado pela poesia. grato pelo comentário poeta.
fraterno abraço Abgalvão.
Silveira

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Poeta Oswaldo, fui lá ler Paraty", "Carmo" e "Arma bode, depois o da 'cigarra' apesar de não ter agradado a intelectualidade, fica gravada aqui a expressão da pura regionalidade. você 'mandou' muito bem. lá a memória fez-se evidencialissima. por isso, aqui o seu olhar foi dentro da previsão. Grato por comentar.
fraterno abraço amigo.
Silveira

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Goreto, querida poetisa, esse poema é a tentativa de uma representação do indivíduo interiorano que por motivos alheios a vontade dele, se tornou um citadino.  e que hoje canta essas saudade. foi bom você ter vindo. Grato
um beijo e afetuoso abraço.
Silveira

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Obrigado, Silveira, pelo comentário.

Grande abraço para ti também.