A vinda de Arthur

[Tere Tavares]

O que é ambíguo
tem livre passagem no obscuro,
no inefável, no mito.
Eu não digo nem omito.
Expressar-me virá sempre antes de justificar-me
ou de propor qualquer exploração
que não seja a possibilidade de não explorar.
Às palavras dou a ressonância,
boa-fé de permitir-lhes,
manhosamente,
um e outro mergulho
na minha dificuldade
de preencher o tempo, o tempo todo
 –  queridas, nada me custam –
são mais nascimento do que escritura.
E minha escritura cumpre o quinto mandamento

[Goreti Dias]

Às palavras dá todo  sentido! São nascimento e escritura e tudo o resto que se possa definir como poesia. Da óptima.
Beijo

[Oswaldo Eurico Rodrigues]

Gostei imenso, Tere, do teu poema.

Um abraço brasileiro para ti.

[carlossoares]

Tere,

não direi nada que não saibas se disser que as palavras "viciam", não como as drogas e o álcool, de que vão sendo necessárias doses cada vez mais elevadas e mais fortes para surtirem efeito, mas de modo inverso. A "habituação" às palavras torna-nos cada vez mais sensíveis e mais sujeitos a inebriamentos e, por outro lado, mais preparados para as tomarmos e manusearmos sem excessos que obnubilam e obliteram. O que pode ser uma grande dificuldade tu vences elegante e olimpicamente.
Beijo

[Tere Tavares]

Obrigada Goreti, ao teu crivo não me privo! Beijos

Osavldo, também sou brasiliera - abraço.

Carlos, penso mais em não pensar, por vezes, justamente para não repelir  essa  fluência obstinada que correspomde às palavras. Sem sumir, nem obscurecer.
Na claridade que conseguem dar sem nada pedir em troca. Abraço