Cláudia Isabel
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« em: Agosto 25, 2010, 17:49:12 » |
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Atendeu o telemóvel, era Josefina, a enfermeira que cuidava permanentemente de D. Helena, sua mãe.
D. Helena havia casado com D. Bernardo no Verão de 1975 no esplendoroso 15 de Agosto, num dia radiado de Sol e transbordante em felicidade. Ambos se haviam conhecido há exactamente quatro anos numa noite quente de Verão dos Algarves. Desde então sabiam que haviam de permanecer juntos até que a morte os separasse. Passados três anos tiveram uma filha, Amantina , nome da mãe de D. Bernardo. Neste casal parecia que tudo corria à s mil maravilhas, pareciam formarem os três uma famÃlia feliz, ele era forte e um cavalheiro que detinha uma empresa em constante progresso, e ela, de cabelos ruivos e grandes olhos, trabalhava como empregada num banco, a filha Amantina, era uma rapariga esbelta, extremamente bela com os olhos negros da mãe e os caracóis da sua avô Amantina. Realmente pareciam uma famÃlia feliz quando saiam aos domingos para um piquenique, um restaurante caro ou quando se recolhiam longamente na sua casa na praia.
Enfim digo pela terceira ou quarta vez, realmente pareciam uma famÃlia feliz, mas não o eram, nunca o foram e nunca haveriam de ser, tudo não passava de uma fachada a fim de manter as boas aparências... D. Bernardo batia em D. Helena, a mulher que dizia amar porque morria de ciúmes dela, Quando falava com algum homem, ou algum homem a olhava, cenas tÃpicas de mente retrógrada masculina elementar... Primeiro um estalo, depois um murro, seguiram-se pontapés um rol de violência sem fim... Neste casal feliz havia então dois defeitos muito graves, ele era ciumento e violento e ela uma fraca pois desvalorizava-se ao ponto de achar que realmente merecia esta violência, nunca reagindo, e por mais idiota que possa parecer Amava-o, oh sim, que palavra mais difÃcil de se compreender. Amantina cresceu neste belo e acolhedor lar, não, neste desintegrado lar, nunca apanhou mas o pai desprezava-a e só lhe sorria perante os vizinhos, perante os empresários que levava lá a casa, e a mãe obcecada pelo pai dela, hilariante, sim, hilariante, negligenciou a filha... O que a conduziu por caminhos menos bons...
Ao fim de 25 anos de casamento, um dia entram em casa, e vêem o pai morto e aquela misteriosa mensagem, digna de um filme ou de uma bruxaria qualquer...
A verdade é que D. Helena apesar daqueles anos todos de pancada, ao invés, de sentir no mÃnimo aliviada, sofrera profundamente pela morte do homem que amava acima de tudo, até de si própria. Traumatizada com o estado do seu corpo e horrorizada com a mensagem enviada estava já há seis anos num hospital psiquiátrico, o seu estado psÃquico alterara-se de modo que parecia que agora era o Sol a girar à volta da terra e não o contrário...
Enfim, Amantina ia visitá-la sempre, primeiro porque era sua mãe e segundo porque queria perceber como é que num mundo cheio de linhas tortas a mãe tinha amado o pai, este lhe havia batido com frequência, esta havia enlouquecido e porquê, aquele assassÃnio, aquele aviso, a mãe teria de saber alguma coisa, mas nunca ajudara em nada na sua investigação privada...
- O estado da sua mãe piorou bastante esta tarde desde que foi ao cemitério, bate, parte e insulta tudo o que lhe aparece e não pára de apontar para um certo ponto e dizer Ele...
Oh não, ela tinha-lhe tentado ligar desde as sete da tarde mas estava tão adormecida nos seus sonhos que não tinha ouvido o seu telemóvel.
-Mas como é que isso aconteceu? Que se passou exactamente para ela estar assim?
-Como sabe todos os dias a sua mãe costuma ir ao cemitério visitar o seu pai, e vai acompanhada por mim, quando lá chegamos o cemitério estava vazio, enquanto eu olhava para um arranjo de flores de uma campa próxima, ela desata aos gritos e a apontar numa determinada direcção, quando olhei só tive tempo de ver um vulto preto, a sair pelo portão fora, de seguida ela começou a bater-me furiosamente, chamei ajuda e trouxemo-la de novo para aqui, o seu estado não melhorou em nada e tivemos que pô-la forçosamente a dormir... E neste momento está num quarto sozinha amarrada numa cama para sua própria segurança e dos restantes pacientes...
Ficou em pânico com estas palavras... Quem seria o homem que a mãe viu??
- Amanhã cedo vou para aà e depois para a polÃcia...
Desligou o telefone e deixou-se mergulhar em sono profundo depois de bebida uma garrafa de whisky...
Quem seria o homem, era a questão....QUEM???
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