josé antonio
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escrever é um acto de partilha
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« em: Agosto 30, 2010, 14:33:58 » |
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(O génio de Tolstói no centenário da sua morte) Calcula-se que cerca de quatro mil pessoas assistiram ao funeral de Lev Tolstói, fará a 20 de Novembro, precisamente 100 anos. Um número impressionante se tivermos em conta que as cerimónias decorreram na aldeia onde vivia, perto de Tula, e que as autoridades, devido à s suas posições contra a igreja ortodoxa e contra o próprio império russo, proibiram leitores e admiradores de viajarem de Moscovo ou de São Petesburgo. Nada disto porém, apagou a grandeza daquele que era, sem dúvida, o escritor mais conhecido da sua época. Fama que, com o tempo, não esmoreceu. Da monumental “Guerra e Paz†à trágica “Anna Karéninaâ€, passando pelas pequenas pérolas que são a “Morte de Ivan Iliitchâ€, “ A Sonata de Kreutzer†ou a “Felicidade Familiarâ€, é um autor que atravessa modas e gerações, permanecendo como um exemplo de precisão e mestria narrativa. Já com 26 anos, escrevia no seu Diário: “ Sou feio, desajeitado, pouco asseado e sem verniz mundano. Sou irritadiço, desagradável para os outros, pretensioso, intolerante e tÃmido como uma criança. Sou ignorante. O que sei, aprendi-o aqui e acolá, sem seguimento e, mesmo assim, tão pouco. Sou indisciplinado, indeciso, inconstante, estupidamente vaidoso e violento como todos os homens sem carácter. Sou honesto, o que significa que gosto do bem: ganhei o hábito de o estimar e, quando me afasto dele, fico descontente comigo, e volto ao bem com prazer. Mas há uma coisa que prezo mais que o bem: é a glória. Sou tão ambicioso que, se tivesse de escolher entre a glória e a virtude, acho que escolheria a primeiraâ€. Na juventude nunca estudou a sério. Inscreveu-se em Estudos Orientais na Universidade de Kazan, não fez os exames; o mesmo na faculdade de Direito. Mas lia muito, em russo, francês e alemão, sobretudo livros de e ensaios de história e filosofia. Como todos os jovens ricos da aristocracia, teve uma fase de estúrdia, entre Tula e Moscovo, com jogos de cartas e álcool. Foi militar, fez a guerra do Cáucaso, esteve no cerco de Sevastópol, subiu a Petesburgo, onde tudo acontecia e foi protegido de Turguénev que o introduziu nos cÃrculos literários.
( Excerto do JL nº 1041 de 25/8/2010 )
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