Nação Valente
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outono
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« em: Dezembro 27, 2012, 19:36:55 » |
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Caro Pedro, porque bastante caro me estás a sair. Voltaste ao teu papel de cidadão, desceste do limbo ao vale de lágrimas que ajudaste a construir e usaste o "correio" século XXI para carpir as tuas lágrimas. Comoveste-me. Mas deixa-me dizer como "amigo facebook" que essas são lágrimas de crocodilo. Primeiro aplicas a receita da austeridade a qualquer preço: baixas salários, cortas subsÃdios, crias desemprego, fomentas miséria. Todos (ou quase) te dizem que essa receita não está a resultar: baixa o consumo, baixa a produção, geram-se falências...menos poder de compra, menos consumo... É um ciclo vicioso que se devora a si próprio. Dizem mas não ouves. Continuas imperturbável nesse caminho errático. Empobrecer, empobrecer, empobrecer. Conduzir para o abismo uma nação secular. CarÃssimo Pedro, estás a corroer-me as entranhas, a afogar-me num mar de desvario, a contaminar-me o ar que respiro com poluição de insensibilidade. E ainda tens lata para vir fazer o acto de contrição. Tiraste-me o Natal e o que é mais grave os outros trezentos e sessenta e quatro dias. Roubaste-me a esperança da juventude, hipotecaste-me a segurança da meia-idade, desrespeitaste os meus cabelos brancos. Feito lamechas choras sobre a desgraça que estás a criar. Fazes-me lembrar os versos de Chico Buarque (fado tropical): "Sabe, no fundo eu sou um sentimental. Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo ( além da sÃfilis, é claro). Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar, o meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..." "Meu coração tem um sereno jeito E as minhas mãos o golpe duro e presto, De tal maneira que, depois de feito, Desencontrado, eu mesmo me contesto."
Com uma coisa tenho de concordar: Este não é o Natal que merecÃamos. Este não é o governo que precisávamos. Este não é o paÃs que os egrégios avós sonharam. Prometes um Natal melhor, mas não consigo levar-te a sério. Como se pode levar a sério quem abjurou todas as suas promessas? Como se pode levar a sério um moço de recados da grande Germânia? Como já te disse numa carta anterior, tu passarás e eu ficarei. Sempre assim foi há muitos séculos. Mas as mazelas que estás a causar, têm custos que vão para além do pão que estás a tirar. Recuperarei e virão seguramente natais felizes. Peço-te um favor: não voltes a contactar-me via facebook, mesmo que por essa via o ridÃculo seja norma. Ao menos ganha um pouco de pudor!
Zé Portugal
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