Nação Valente
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outono
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« em: Abril 10, 2013, 20:03:24 » |
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Para mal dos meus pecados acompanhei uma dama à capital. Acomodei-me no lugar do pendura e lá fui, pensando de mim para mim, "vamos lá ver se isto corre bem". Não correu! Diga-se em abono da verdade que não sou sexista, nem um bocadinho. Mas que há coincidências há. Nada a ver com a condução. Admito que não faria melhor. O diabo está nos detalhes, melhor, no estacionamento. Contudo, parecia que começava bem. Parque pago, daqueles onde se põe umas moedinhas, lugares de fácil arrumação. Tudo preparado para dar certo. Arrumada a viatura para o merecido descanso, fomos à pata, numa missão quase impossÃvel, procurar uma tela de bordar, que segundo consta, terá existido em tempos idos. Mas dama quando encasqueta uma coisa nas meninges...adiante, corremos seca e Meca e objectivo zero. Muito mais previsÃvel que as previsões do Gaspar. Fazer o quê? Voltámos para retomar o recuperado carro. Ao aproximarmo-nos, deparámo-nos com uma situação insólita. O sortudo, estava a ser envolvido com uma fita colorida, assim a modos como aquelas que põem ao pescoço dos homenageados no dia da nação. Mas quando me aproximei vi que o infeliz estava a ser simultaneamente algemado, isto é já tinha uma roda bloqueada. Não batia a bota com a perdigota. No imediato, fiquei estupefacto, mas dentro das minhas limitações percebi, "não sei porquê mas estamos lixados". A dama ainda correu apressada para junto dos cavalheiros que praticavam a má acção. "Mas eu paguei o estacionamento", balbuciou. Pois pagou, disse um calmeirão fardado a preceito, o problema é que estacionou num lugar proibido. "Mas isto não é um parque de estacionamento? Está ali a placa". É, respodeu sem respeitar a pontuação, com excepção deste lugar". A dama ainda tentou atirar com o chamado charme feminino para cima (salvo seja) do fiscalizador, dizendo: "eu venho aqui muito raramente e não me apercebi". Não adiantou, o homem tinha sido programado para multar e não havia argumentos, por maiores que fossem, que o convencessem. Um funcionário exemplar. Merece ser recompensado no paraÃso. Fiquei calado que nem um rato e enquanto a dama pagava a multa, via multibanco, deslizei de mansinho até junto ao sinal de trânsito da entrada do parque. Verificado. Lá estava a cores e com todas as letras "proibido estacionar". Confirmado. Mulher não sabe ler sinais de trânsito. Voltei da minha discreta ronda e constatei que dois atarefados agentes, sentados numa secretária improvisada, dentro de uma carrinha que pedia descanso e caldos de galinha, daquelas que os ciganos usam nas feiras, lutavam com um computador portátil, que recusava aceder ao seu servidor para passar a multa. Continuei de bico calado, mas pensei: "há máquinas mais sensatas que os humanos". Por fim, um deles disse: passa a multa à mão. À mão, disse o outro, não sei, já perdi o jeito. O senhor agente teve mesmo de meter mãos à obra .E nós à espera, que a coisa rendia! Enquanto preenchia o formulário com leves afagos e instruções via telemóvel, que com a precipitação deixou cair, divindindo-o em dois, o grandalhão desbloqueou a roda e aliviou a viatura daquele injusto castigo. Eu continuava mudo de nascença e a dama com cara de caso (ou de, casa) só dizia: Lá se foram oitenta euros (setenta da multa e dez para tirar o aparelho de tortura). Apenas por não saber ler sinais de trânsito. Moral da história: quem viajar com dama, previna-se. Nunca confie. É que há coisas que são genéticas e receio que não haja excepções.
MG
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