Acto de amar

[carlossoares]

De desejo me dói
A euforia
De viver me esqueço
De pensar
Desfolho-te e repenso
Um sopro de alma
Nos dedos
Tão inteligível
Como a ausência
De todos os medos
Tão delicado
Preito

Tudo prometes
Sob a macieira
Tudo é desconforme

O beijo
Cava um leito enorme
E os fogaréus do teu peito
São outras nereidas
Que me consomem

De pernas trémulas
De coxas febris
Almejo as brechas
Do teu sexo
Num sonho feliz.

[Mel de Carvalho]

O acto de amar, o acto de consubstanciar e de se consubstanciar amor no corpo de alguém, é porventura, o momento mais harmónico com que a natureza nos dotou.
Ser capaz de o cantar na poesia sem ferir a palavra é, direi sem reticências, missão ao alcance de poucos os que enveredam pela arte de tecer palavras em liras de poesia. Foi aqui conseguida amplamente!

Belíssimo trabalho, Ricardo.

Abraço
Mel

[Goreti Dias]

Delicada euforia, delicada consumação...