entrego-me a ti

[Mel de Carvalho]

entrego-me a ti

numa ablação sem tempo
num afagar-te plácida, a alma,
num consumir-te a carne em braseiros ininterruptos
de ternura e de paixão

envolvo-me nua
na fome dos teus braços
no altar dos teus passos
                          perdidos

deificada, sacra, despudorada de falsos moralismos
que os perdi quando
me vi coroada num pedestal de lágrimas

                   entrego-me a ti

imperfeita
e tão mulher …

desejas-me
assim: gizada em escopos de loucura
primeva pedra
tela virginal …

semideusa entrego-me
e espero de ti a entrega inteira
           (que não tens para dar)

vives
no fio da navalha
oscilas entre o divino e o canalha
esboroavas ao vento o que levaste anos a erigir
a ferro e carpo
   (dás de barato...)

na caminhada, perdido,
já não sabes
    quem és
         quem foste
              quem desejas ser.

reciclo-me intacta. parto.
… o toque não chega sequer a acontecer.

[carlossoares]

Mel,

estou deslumbrado com o talhe do poema, com o ímpeto do dizer e a honestidade do que é dito.
E deslumbrado com o que é dito.
E admirado pela sua criatividade inesgotável.
Um grande abraço.

[Carla Costeira]

Olá doce e querida Mel,

Ao ler-te (e já tinha saudades!!!), só posso dizer: És rainha!!!

LINDO!

Muitos beijinhos amiga *

[Liliana Jardim]

Incrivél a tua capacidade de criatividade, amiga
já tinha saudades de te ler, Mel de Carvalho

Beijinhos
Tudo de bom para ti

[Goreti Dias]

"e espero de ti a entrega inteira
           (que não tens para dar)"

Então, não vale a pena esperar...
Mais um delicado poema, repleto de belas imagens poéticas!
Bjs

[Mel de Carvalho]

Mel,

estou deslumbrado com o talhe do poema, com o ímpeto do dizer e a honestidade do que é dito.
E deslumbrado com o que é dito.
E admirado pela sua criatividade inesgotável.
Um grande abraço.

Caríssimo Ricardo,
a palavra é em mim um acto de recriação. Nela e com ela dou voz a muitas outras mulheres. É o caso deste poema.

Muito grata pela sua atenta leitura.
Abraço
Mel

***

Olá doce e querida Mel,

Ao ler-te (e já tinha saudades!!!), só posso dizer: És rainha!!!

LINDO!

Muitos beijinhos amiga *

De todo não, Carlita. Sou apenas alguém que respeita a palavra, em todos os seus estadios: do embrionário ao parto consumado. E que faz dela, ou tenta fazer, uma arte... uma dádiva. E que tem a sorte de ter quem a leia, a exemplo de ti.

Bem-hajas,
Mel