Confissões de uma vítima de violência doméstica

[Vera Silva]

Sou um corpo que deambula ao acaso,
Que vive com medo todo o dia.
Amostra de ser mal amado
Sem conhecer felicidade e alegria.

Uma mulher constantemente criticada
Que chora apenas escondida,
Consciente que não vale nada,
E a imagem totalmente denegrida.

Escondo os hematomas como sei.
Habituei-me há muito a mentir...
Vivo uma vida como nunca pensei,
Com a maior parte do tempo a fingir.

Esta mão, assim queimada, e a doer,
É porque sou tão distraída...
Meti-a numa panela a ferver
E fiquei tão arrependida.

Tapo as nódoas negras com roupa
De Inverno, mesmo no Verão.
Apenas porque sou meia louca
Passo a vida a cair ao chão.

A boca, assim cortada,
Foi apenas porque sorri...
Não sei mesmo estar calada...
Apanhei porque mereci.

Quando parti o braço direito,
Foi porque me maquilhei nesse dia.
Mas afinal, foi bem feito,
Porque parecia uma vadia.

O meu corpo está tão cansado
Não aprendo a me comportar
Para viver bem com meu amado,
Que tudo faz por me amar.

Farta dos meus erros e maldade
Subo até ao vigésimo andar!
Salto, enfim, para a liberdade,
E já sou feliz... a voar!

[Zélia]

Versos drásticos, querida poetisa...Pobre mulher!
Beijos e muita luz, para você!

[Manuela Fonseca]

O famoso poema! E que palavras! Quanto sofrimento em silêncio ainda habita em tantas mulheres deste mundo e quantas não terminam buscando a liberdade de um vigéssimo andar...

Adorei ler este poema!!!

Uma grande homenagem!!

Beijinhos, amiga linda***
Manuela

[Eliana Rocha]

Olá,
Poesia com muito bem construída. Mas a verdade que nela encerra é aterradora. Muitas mulheres no mundo sofrem calada. triste. É para refletir.
Parabéns
beijos mil