vitor
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Olá amigos.
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« em: Setembro 17, 2008, 22:58:50 » |
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No brilho das águas, distante, como o perpetuar lento de uma dor silenciosa, o reflexo do futuro mergulhar no escuro, sobressair como fumo entre os dedos, gesticular um pestanejante calor. Todas as manhãs, de todos os dias, a essência absoluta de todas as vontades, o caminhar intrÃnseco das subjectividades dormentes, como debater-me com os sonhos debelados sobre os rios, eliminados, castrados. Numa só voz a resposta sombria dos dias, num portal de almas quentes, juntos comungam companheiros o reflexo antigo das águas solitárias, fundirem-se entre as árvores de todas as vontades, perdidamente. Reflexo: Como recordo ainda a tua mão suave sobre o meu rosto, como quando ainda caminhávamos, amigos e inimigos de tempestades psicológicas, ou de beijos que se vadiavam por dentro de cada um de nós. Futuro: Como amanhã. Éramos assim. Exactamente como as folhadas do céu alojando-se no compartimento aberto da lua. Quase dormente em ti, esta manhã molhando-se, deleitando-se como o amanhã. Reflexo: Quando fomos engolidos, havia um silêncio, pleno de cores, havia um matagal invulgar e mesas de pequenos-almoços, mãos incompletas sobre o ombro rasgarem a pouca luz ainda, numa sequência quase violadora das minhas preces inconcretas. E por isso, ou enquanto te antevejo neste passado sem verão ainda. Futuro: Como repartirmos as últimas gotas, caÃdas do amanhã, de um mar talvez antigo, fulgurantes respiram como gotas húmidas do desejo. Sem sarcasmos o beijo claro. Despertar das mesmas memórias, conservando os mesmos instantes. Ou que façamos promessas. Requisitemos instantes para que se eternize o futuro. Onde morreram os pássaros deste Janeiro de esperança. Partir-se como antigamente aqui, vendo os cheiros que deixam sonhar, na memória da minha pele. Nunca nada será tão furtivo como o belo silêncio nascendo quase permanentemente. Talvez porque divague os ostracismos sem sequência, como pensamento, nem que sequer quero, apenas vontade de que nunca se apague. Raramente se acorda em paz todas as manhãs, raro o desejo de comunicar frequentemente com almas sabendo à mente, silenciando o tempo como árvores abandonadas numa imensidão escondida da vida. Quando mesmo assim se sente no corpo derramarem as esquinas da noite. Ou as gotas de um tempo ainda lembrado. Ou os resquÃcios da tempestade amarga ou amargurada fonte. E iguais. Quase sempre numa repetição fotogénica dos nossos gestos. Os gestos que se olham à distância, evaporando-se num afundar quase vulgar. Ou mesmo que não chegue nunca a senti-lo, se torne pleno e objectivo, perfilhe encantado o som dos desesperos, nadando superficialmente os brilhos desta água de futuro ali mesmo. Futuro: Sentir suave, o tempo, sentir demarcarem-se em mim destinos e vidas, passearem-me interiormente caminhos ocultos ate que me sinta envolvido, sem que pesquise, este olhar distante dos teus olhos parecerem afundar-se na maresia de belas sinfonias, e cores a levantarem-se de rosto entreaberto, ao encontrar o teu olá, numa margem movediça, como uma cortina de oásis transparentes. Seguimos sem padrões, serei sempre assim. Reflexo: Seria em mim o teu doce divagar. Em minha mão. De tudo a que exteriorize. Vem o paladar desse afago maternal. As palavras deslizarem nocturnamente confortantes, há em todos os pedaços e todos os objectivos. Saram em mim como a terapia de horas longÃnquas. As lágrimas ao fundo, esquecem o olhar, abre-se em mim um coração frágil, sensÃvel, vulnerável, pedindo-te a mão. Sigo sem gestos o calor que me suga a dor desses beijos, a necessidade de confortar-se de carinho, breve, perdendo-se suave sem que se encontre pela noite depois, os teus toques de diva que me enchem o tempo. Futuro: Vestida com sobressaltos vagos, coloridos. Despida como pelo. Nua. Sem a roupa à mão, sem corrupios. Deixar a pele desgovernar-se ao vento. À deriva de todos os sonhos. A deixar-se descobrir pelo andar sereno da claridade do sonho, tocado pela nuvem mais amanhecida neste talvez corredor imenso das ruas, encontrar o assoprar cálido das distâncias, torrentes de amor vago. Qualquer coisa que distinga a natureza, este iluminado instante. Reflexo: A melancolia trás os dias diferentes. Engoma-nos em cantos repartidos pelo humor silenciosamente húmido da maré. Corta a madrugada diante a manhã, rompendo-se interiormente como fisgada nua. A centro, o umbigo dilacera o regressado desejo. Entre peles constantes que se encobrem de paredes, abanam-se melodias de prazer, comentam gestos com toques a falar por si, à luz do tempo. Socorrem-se as carências como diásporas erguidas, orquestrações nómadas vacilarem devagar, o resto do momento. Repentina cor de violino invade a distância, a profundeza ausente deste brilho de água inflexÃvel. Desse pudor cáustico. Despe-te como flor e entrega-te livre, à s carÃcias verticais e urgentes do tempo, que urge breve e fugaz Um dia sentirás saborear-te delicadamente a madrugada.
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