Teresinha Ferraz
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« em: Setembro 21, 2008, 14:23:07 » |
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Quero abandonar a casa, ela já está abandonada mesmo que eu teime em mantê-la quente com a lareira acesa, mesmo que a ilumine com todos os candelabros e com as portas e janelas abertas para entrar o sol, a chuva, o vento, e o que quer que for que a torne abalável. Inabalável era como ela estava, imponente, alta, grandiosa, por fim: maior do que eu! Mesmo sem ninguem, ela era maior do que eu, e do que tu também. Isso eu não queria, nunca quis, era frustrante mesmo que me trouxesse segurança. Sempre gostei de ter insegurança, sempre saà á rua sem um guarda-chuva nos dias de Inverno sem medo de me molhar, sempre olhei para o sol sem ter medo de cegar, sempre levei o meu coração quando ia ter contigo, sem medo de me voltar a apaixonar por ti. Esta casa é reflexo teu, para mal dos meus pecados. Vou expulsá-la, destrui-la em mim se for necessário, vou deitar pela janela fora todas as camisas que guardo tuas, todas as tuas malas e documentos empresariais que usas como desculpa para me deixar á espera, vou misturá-la com desespero e lágrimas de arrependimento, vou chocá-la contra o meu ser, vou tirar-lhe o ar, vou omitir-lhe que a sinto todos os dias, é mais fácil de a deixar para trás se assim for. Sinto a tua falta. Não da casa, porque essa tenho-a sempre, mas de ti. Sinto falta de quando respiravas ao meu ouvido, sinto falta de te olhar nos olhos e te beijar carinhosamente a bochecha morena quando a casa me confundia, me trocava as voltas, quando se deixava para trás para dar lugar á racionalidade. Sinto falta... Mesmo assim, vou desejar querer abandonar a casa e que te vás com ela. Nem que seja o meu pior pecado, a remodelação vai ser extensa e as principais colunas vão ter que quebrar. Vou fazer apenas um primeiro andar, com um jardim pequeno e, quem sabe, um portão negro impedindo entradas a novos intrusos.
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