A fisga

[vilde]

A fisga

Há sempre uma fisga guardada
nas gavetas da memória.
O ostracismo vai buscá-la
quando o tempo urge respostas afinadas.

Os Golias, disparam catapultas das pedreiras;
querem caçar os espaços
e se possível, os tempos.

E fazem-se criações (de criar originais)
e ouvem-se histórias de louvor ao calão,
onde, para poder espichar,
se agarram convulsivamente à mão;
pois Deus nos acuda, devido à ferrugem,
à fuligem e talvez ao colesterol,
de outra forma…já lá não vão…

Dos calhaus soltos, nalguns tropeço
e vou juntando:
Um dia, farei como o “outro”,
um castelo! Mas, de sorriso amarelo.

As outras pedras, mais redondas,
atiro ao charco, onde me encanto
e encharco as bermas do olhar
e me apraz desarrumar
o concêntrico dos círculos.

Guardo no alforge, os calhaus mais agudos,
que despertam o David que há em mim
e me incutem o treino da pontaria de arremesso
com a minha fisga…

…Às vezes, faço urgência no hospital
e tropeço nalguns Golias, que vêm tratar
o olho atingido que trazem ao peito.

Finalmente os vejo sangrar da consciência
que nunca tiveram!...

Mavilde Lobo Costa
(In Versos brancos)

[vilde]

Obgd Domingos por ler.
Só lamento, que nem todos o façam,
e apenas guardem os aplausos, para os amigos
e não para a escrita.
Bj
vilde

[Abgalvão]

Não trazes a fisga no bolso de trás pois não?! Gostei do poema. Baralhei-me um bocado com eses versos
 cito
onde, para poder espichar,
se agarram convulsivamente à mão;
pois Deus nos acuda, devido à ferrugem,
à fuligem e talvez ao colesterol,
de outra forma…já lá não vão…

mas depois encarrilei e entendi a mensagem hehehehe
Beijo

[vaza pinheiro]

Vilde

Gostei do teu poema. Por favor guarda as pedras que te atirarem. Constrói o tal castelo de onde não te possam atingir. Talvez numa montanha ou numa nuvem.

fernandovaza

[Joaquim Sustelo]

Muito oportuno!
Beijo

[Dionísio Dinis]

"Finalmente os vejo sangrar da consciência
que nunca tiveram!..."

Desencanto e esperança sempre se podem combinar em poesia.Aqui neste poema, juntam-se ingredientes quase imiscíveis e, ainda assim, se logra atingir a génese da criação poética.

[vilde]

Obgd a todos os que passaram por aqui. Aos que leram e deixaram os seus comentários.

Bjs
Vilde