“O seu a seu dono“, sempre ouvi dizer, mas, neste momento em que os valores da ética e do respeito pela “propriedade do outroâ€, pelo “bem do outro", pela integridade fÃsica e moral do outro, parecem não fazer mais parte da pirâmide de valores e normas de conduta dos habitantes desta aldeia global, neste momento em que a “democracia†- e perdoem-me os animais de quatro patas, por quem tenho o maior apreço e respeito -, mas dizia, em que a “democracia†parece ter chegado, ao invés do que o meu falecido pai, homem de poucas letras, mas de grande sabedoria costumava dizer “… aos burrosâ€, começo mesmo a duvidar que quem esteja errada nisto tudo seja eu...
Eu que tão acérrima defensora sou da partilha dos saberes e que vi, nesta coisa da Blogoesfera, um "palco luminoso" onde, cada um, pudesse mostrar e aprender com os restantes …
Uma biblioteca inigualável em que aqueles que, vivendo aqui, neste cantinho "distante" da Europa seriam lidos no Japão, por exemplo; que, e usando deste modo, os não publicados em livro - os ditos consagrados -, pudessem lá chegar… e isto era, pensei ingenuamente, simplesmente maravilhoso. Escrever e ser lido e entendido a milhares de quilómetros, era, uma façanha extraordinária.
E não é?’?? É, sem dúvida, mas ...
Bom, vamos lá por partes….
Ora bem, do que me dispus mesmo a falar é de roubo da propriedade intelectual de cada um de nós, bloguistas - poetas/prosadores maiores ou menores, não vem ao caso. Vulgo plágio!!!!
E se nesta altura este assunto me começa a inquietar é porque, de prática esporádica e praticada por “ladrões de galinhasâ€, ou seja, “larápios de frases inteiras†com que costuram mantas de retalhos, mal remendadas, diga-se de passagem e que nada têm a ver com a arte sábias das nossas avós em costurar belÃssimas mantas com sobras de tecidos, "patchwork," chamemos-lhes assim, para ser mais “inâ€, estes, os tais “ladrões de galinhas†são, a cada dia, mais descarados …. Agora levam as galinhas e, duvido que se lhes fosse dado a possibilidade, levariam o terreno e o milho de que as ditas se alimentaram...
Roubam a obra pronta. Para quê? Simples: para alimentarem egos doentes! Só pode…
Cada dia, confesso, (não devia, contudo...) me surpreendo mais com este mundo de “pseudo-poetas†em particular…
Ao longo deste anos em que escrevo na net, nem sempre mostrei a cara como o faço e de forma tão frontal. Sou quem sou! O rosto que se mostra é o meu, o nome é o meu, o “nick†é, como mil vezes já tentei explicar, um diminutivo…
Tempos houve em que, porque ainda não lidava bem com o facto de escrever poemas… (coisas provincianas, dirão os senhores … Concordo. Seja!), visitava blogs, comentava de forma anónima, na maioria dos casos desdobrando, continuando os poemas dos autores que admirava … e, sorrateiramente, saia.
Desses tempos, encontro hoje na net, os meus “filhos†… mas sobre esses, não tenho quaisquer direitos… fui uma má mãe que os “pariu†e os abandonou à sua sorte. Alguns, os mais felizes, vivem hoje em casas onde a poesia é respeitada e, têm como autor o Sr/Srª “Anónimo/a"… Sementes, sejam, pois, da palavra ora produzida e assinada.
Todavia, e a partir do momento em que assumi esta “compulsão†pela escrita, é-me absolutamente doloroso ver, como já vi, poemas meus descaradamente plagiados de fio a pavio, com o titulo alterado, por exemplo e postados em blogs de “poetas fast-foodâ€â€¦
Sou do campo, meus senhores, detesto fast-food. Gosto de tudo o que é genuÃno e verdadeiro … Não busco, não é da minha natureza, pódios ou coroas de louros… mas por favor, respeito é bonito e eu gosto … e muito. Dispenso pois as coroas de sarças com que me coroam, quando me cortam à fatia e me colam em sites onde a natureza humana não é respeitada, por exemplo!… Pior que plágio é este “descontextualizarâ€â€¦
Mas serei a única vÃtima??? Não!
Recentemente contei a um amigo que encontrei um blog onde vários poemas dele, integrais, estavam atribuÃdos a outro autor… que, como vem sendo hábito nestas coisas, recebe comentários, vai a palco e agradece… e volta a palco e agradece de novo… Tristes figuras, Santo Deus!!!
E, como se a coisa não fosse suficiente… ontem à noite encontro poemas de um outro bloguista por quem tenho profunda admiração e cuja poesia é inconfundÃvel (poemas que fazem parte de um site colectivo “desactivadoâ€) , atribuÃdos agora a uma senhora, num blog actual … E, de novo digo: Tristes figuras, valha-nos quem possa…
E (tantos “eâ€), como a imaginação, a minha, e o tempo, andam escassos, hoje decidi ir, - aliás como vem de há tempos a esta parte a acontecer -, à minha “caixa de perdidos e achadosâ€, buscar um poema … “Cansada, contactoâ€â€¦
Pasmem, meus leitores, eu, que sou meio desorganizada, mas gosto de vos deixar o link de onde e quando publiquei cada poema pela 1ª vez, fiz “inocentemente†uma pesquisa no google(maravilhoso google), desta vez pelo nome … de imediato … zás!!! Para além da Mel de Carvalho, outra alma o “escreveu†…
Começo a estar cansada, confesso.
Será que as pessoas que andam por aqui não sabem que basta colocar uma frase entre aspas e, de imediato, se descobre onde andam os nossos trabalhos? E será ainda que não sabem o que são IP’s? E desconhecem de igual modo que, em caso de denúncia, roubo da propriedade intelectual, porque é disto que se trata, a “coisa†é feia???
… pois é! Recomendo vivamente a referência ao autor, no mÃnimo, ao blog/site/livro, etc., de onde se retirou o texto. Citar até dá um ar intelectual, não é verdade???Fica sempre bem!
Sim, têm razão, estou irritada, começo ter pouca paciência para estas coisas…
O seu a seu dono e ponto final.
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tags: crÃtica social, análise comportamental, plágio
(Publicado em
www.noitedemel.blogspot.com)