Figas de Saint Pierre de
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« em: Janeiro 05, 2012, 13:44:11 » |
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Logo à entrada ela reparou e pensou: -“Que chic!. Meus pais nunca me trouxeram aqui!†Veio o empregado, que solÃcito, guiou-os pelos caminhos do bom ambiente, perfumado com música clássica das Bodas de FÃgaro. Sentaram-se à mesa, coberta com toalha de linho e louça e talheres da melhor qualidade, acompanhando o cristal da boémia, jazente na elegância dos copos, rodeando um belo arranjo floral! Ele pegou no menu, e dando-a a ela, disse: -“Escolhe†-“Não, escolhe tu “- -“Que tal uma santola?†“-Pode serâ€, (disse ela) Tiveste bom gosto. Este restaurante é mesmo muito chic. -“Tu mereces tudoâ€, disse ele Depois, na mesa; no altar de sacrifÃcios, a santola cumpriu o seu destino de satisfazer os humanos desejos de, com ela, verem delÃcias espirituais. Todavia, a santola não foi suficiente, porque de seguida uma lagosta teve o mesmo destino de viajar até aos intestinos! No meio do jantar, um ramo de flores foi oferecido. Oferta da casa. -“Estás a gostarâ€, perguntou ele. -“Uma delÃciaâ€, disse ela. Ele calculava os ganhos promocionais, junto dela, para os seus avanços na relação, tanto mais que ela era um bom partido; que o aliviaria nos encargos do futuro, de que tanto precisava, visto que o seu porte de D. Juan não bastava! Nunca entrara naquele restaurante, mas, cós diabos, alguma vez teria de ser, tanto mais que se aproximava o tempo de entrar no perÃodo decisivo do noivado! De soslaio, ia vendo que, em algumas mesas, a conta, depois de apresentada, era paga com cartões dourados! AÃ, sentindo-se um pouco humilhado, lembrou-se que o seu cartão era somente de débito. Numa das mesas, reparou que alguém, após a conta ser longamente observada , chamou o gerente da casa, que era também o proprietário. Porém, tudo ficou resolvido no meio das agradáveis notas da música clássica, que impregnava o ambiente zen. Começou a ficar preocupado. Estava na altura da sobremesa. Que escolher? Não evitou de olhar, mais pormenorizadamente, nos preços. Chiça!, pensou. -“Estou cheio. Amor, que queres para a sobremesa?†Inevitavelmente, doce como era, sua namorada só podia escolher doçuras. Foi o que aconteceu. -“Eu quero só café. Estou satisfeito; cheio. Café chega.â€. Enquanto ela estava na fase final do repasto, eis que: -“Vou ao quarto de banho†disse ele, enquanto se dirigia aos fundos. No regresso passou pela caixa E pediu, receosamente, a conta. Olhou. Não disse, mas pensou: Ui! Que tombo!†O seu cartão de débito era insuficiente. Depois duma rápida conversa com o gerente, que não gostava de broncas no seu restaurante e estava preparado para todas as eventualidades, foi-lhe apresentado um papel para assinar; era uma declaração de dÃvida! Dirigindo-se à mesa, acompanhado do gerente, lá estava a sua futura mulher, muito satisfeita. “Tive muita honra em ter mais, uma vez, o Sr. Albuquerque, no meu restaurante. Tanto mais que, agora, veio acompanhado duma linda senhora. Espero que venham cá muitas vezesâ€, disse o solÃcito gerente proprietário, enquanto afastava, elegantemente, a cadeira da mesa, com estilo. “-Com certeza. Gostei muito†Ela não estranhou. Já estava habituada. Ele é que não. Não sabia bem explicar, mas não se sentia com ânimo para executar o que tinha pensado, como final apoteótico daquela noite romântica. Já em casa, sentiu um ligeiro suor na testa, que atribui à lagosta suada, que tinha comido, Mas, tal suor perdurou quando veio o carteiro e lhe entregou uma carta, com registo de recepção. Era a primeira prestação por conta da conta! Aquela lagosta seria, realmente, muito suada, ...em prestações! Enfim. Cenas dum D.Juan, com jeito para amores, mas para contas não!
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