PÁTRIA DE IDIOTAS E IMBECIS

Minha pátria. Repito a palavra pátria e muitas vezes na minha boca o gosto de sal, o gosto de algo pior, amargo sempre vem. Pátria. Em outras tantas crônicas já escrevi sobre a Terra Brasilis. Entretanto, parece que o assunto não se esgota. Perdoem-me, não se esgota mesmo. É um fato. Impostos altos, nenhum retorno, políticos corruptos e agora a sujeira da justiça. Não que não soubéssemos disso, mas agora é oficial, está em todos em jornais e, como se diz, na boca do povo.
Minha pátria tem três poderes. Cada qual para representar o próprio interesse. Aumento do próprio salário, mordomias inúmeras e pedestal ou redoma de vidro para proteção. Tudo muito justo. Justíssimo.
Minha pátria tem hipócritas aos montes. Usam ternos caros e palavras difíceis (quando sabem ler e escrever) e gesticulam e abrem os olhos como que espantados com tamanhos problemas. A minha pátria é uma terra de medíocres. Os que fazem a diferença são, sistematicamente, postos de lado. O que vale é a bunda. O que tem ibope é o grito. O que chama a atenção é ser “esperto”. Ser honesto e justo é coisa de otário. Ser decente e limpo é coisa de babaca. Quem trabalha de verdade paga, com seu salário, uma péssima educação e um sistema absurdo de saúde. Nada funciona. Ruas, avenidas e estradas cheias de buracos. Cidades e mais cidades que não possuem a mínima estrutura para suportarem chuvas (não estou falando de catástrofes).
Ah! A minha pátria é uma vergonha. Um pus. Uma ferida e um corte e um córrego fétido e feio. Minha pátria não respeita o bom e puro. Minha pátria reproduz idiotas e imbecis com certificado de garantia. Minha pátria é uma lástima.
Não me sinto mal em falar de minha pátria assim. Quero-a bem. Quero uma pátria de verdade. Contudo, esta pátria que tenho agora é uma mentira. É uma farsa. E ainda tem Copa do Mundo e Olimpíadas. Pão e circo para todos. E mais idiotas e imbecis saem das fábricas em caixas ecologicamente corretas.
Eu não quero esta pátria. Eu não me sinto nesta pátria. Eu não visto esta pátria.
País que figura entre as sete maiores economias do planeta e não possui malha ferroviária suficiente para escoar sua produção, prefere as péssimas rodovias. País que vê a favelização de cidades do interior e nada faz. País que não acredita na verdadeira educação e pensa apenas em números estatísticas (números que não dizem a verdade, ou melhor, dizem o querem que seja dito: as coisas estão melhorando). País que ainda enfrenta a miséria, que ainda vê a miséria, que ainda produz miséria. Esta é a minha pátria?
Injusta, boçal, patética e desqualificada pátria.
Esta eu não quero.