Nação Valente
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outono
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« em: Outubro 30, 2015, 19:54:08 » |
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Quando Deus fez o Homem dotou-o com os atributos indispensáveis para a sua sobrevivência: olhos para ver, pernas para andar, braços para executar, boca para comer, sexo para se reproduzir e software para programar. Mas o homem, dotado de espÃrito inventivo, depressa ultrapassou o seu Criador e deu aos seus componentes fÃsicos outras funções, sem que Deus se mostrasse agastado. Negar a sua suprema obra prima feita à sua semelhança, seria negar-se a Si próprio. Com o livre arbÃtrio que recebeu do Criador usou a boca para morder, mordiscar, beijar, enfim, apenas tendo como limite sua imaginação. Mas tendo a boca como função primordial comer, não deixa de ser irónico, que desde tempos imemoriais lhe seja atribuÃdo, especialmente, o pecado da gula.
Esse pecado assumiu na Idade Média proporções preocupantes. As restrições ao consumo de carne assumiam, na Quaresma, o seu expoente total. Proibição absoluta. Contudo, como não há regra, sem excepção, logo os propostos representantes da divindade criaram a Bula, uma forma de dar liberdade gastronómica a quem pagasse uma taxa ao poder eclesiástico. Eu, que sou apenas um simples mortal, sem acesso às fontes divinas, acho, nessa qualidade, que o perdão do pecado a troco de vil metal é apenas coisa da humana realidade.
Reflectindo sobre o assunto, acho que preocupação da Igreja com a gula, tem uma explicação lógica. O que os clericais pretendiam, era proteger os seus semelhantes, de doenças escondidas nos alimentos processados com carne. E se alguns tinham condições para comprar Indulgências, à maioria não adiantava comprá-las, porque depois não sobrava dinheiro para comprar comida. É certo que os mais endinheirados, incluindo o alto clero, o poderiam fazer, mas decerto o evitariam como pessoas bem informadas. A saúde do povo estava garantida. Poderia morrer de fome, mas nunca de doenças cancerÃgenas e o céu estava garantido.
A proibição religiosa acabou por passar à história, mas os fundamentalistas do cientifismo, herdeiros genéticos do passado, e usando o software recebido da divindade, chegaram à mesma conclusão que os fundamentalistas da igreja medieval: carne processada ou desprocessada, especialmente de cor vermelha, manda-te desta para melhor. Ou seja, se abrires a boca a iguarias carnÃvoras, podes morrer, mas se deixares de comer morres seguramente. Triste dilema.
Use a boca como bem entender, explore todas as suas virtualidades, incluindo o processamento de comida. Esqueça o pecado religioso ou cientÃfico. Cumpra o plano divino. Use os instrumentos corporais de livre vontade. Não ponha em causa a máxima, "crescei e multiplicai-vos". Faça sexo em segurança. Procure não cair da cama. Coma com moderação. Faça da refeição um prazer e não uma tortura. Saboreie uma posta mirandesa, regada com um vinho de boa cepa, sem pensar que está a ingerir a sentença de morte. Não se esqueça que nas bodas de Canaan, Jesus transformou a água em vinho. In vino veritas. E na sua pregação está a palavra, mas está também a boa comida. Siga os exemplos evangélicos.
MG
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