sem nenhum destino

[Mel de Carvalho]

sem nenhum destino
as minhas palavras   soltas
- centeio e trigo joeirados ao dia d’ontem -,
do cais partiram
                          hoje
largas d’amarras outras
que não a crença, a paz e a bonança
… meu amor

sem destino algum
aqui  fiquei
frouxa do chão d’areia branca
a imaginá-las lírios, flores d’acácias,
círios
colhidas em mão de ti
… meu amor

[doiem-me as palavras
como estilhaços cravados ao céu-da-boca.
recalcam-me os pés-de-galos de sustentação de marés…]

.. dou-tas! as palavras de que te falava atrás …

dou-tas e, obstinada,
num roçagar d’asa
num rumor flautista de vento e vaga,
sou eu própria               silêncio mudo
desalento
monocórdica dor, monólogo de pranto
duma plasticina moldada ao espranto original
no mole da tarde que anoiteceu em mim

… sem nenhum destino
fecho os olhos
e o horizonte cresce nas margens deste papel
onde não cabem mais ausências ou
presenças comprimidas em êmbolos de jogral.

sem destino algum
toca um piano de cauda na falésia
incansável
infatigável
magistral de tão divino… meu amor.

…

na prateleira da escarpa uma gaivota pulula e dança.

[Inês]

Querida Mel
Nostágica e incompleta sem a alma gêma,
não te excluiste contudo dos mistérios da vida,
metaforizando ao final do glorioso do poema
a presença da gaivota alvissareira trazendo
uma flor, um beijo, o amor...
quem sabe teu cais se abrindo.
Um beijo, amiga.

[Laura]

... e que nos permite ainda imaginar que ela levantou vôo... e nós partimos com ela.

[Mel de Carvalho]

... e que nos permite ainda imaginar que ela levantou vôo... e nós partimos com ela.

Laura, gratíssima pela sua presença.
Abraços da Mel

[Goreti Dias]

A gaivota dançará ao som do piano acompanhando esta bela poesia!
Um beijo

[Carla Costeira]

Olá doce Mel,

Ler-te é sempre aquele prazer... desmedido!!!

Beijinhos amiga