SOBRE O AMOR

[Sandra Fonseca]

Fácil  fazê-lo supor
O mais alto entre os mortais
Pois tu, Amor, já nasce pronto
Avesso da sua arquitetura,
Amor de folhetim, de jornal.
Banal, como o sexo pode ser
Na fusão de corpos sem as almas
Cimentando o encontro.
Animal, sem a ternura
E a calma que perpetua o momento.
Chama breve, leve e falsa
Como as coisas concretas
Revestidas de abstratas.
O amor coisificado, amor-amorfa-pedra,
A boca sempre aberta
A espera do fel.
Igual, como os corpos sobre a fria pedra, final,
E os ossos, poeira sob a terra.
E ainda que eu não nada te peça,
Amor, impeça-me
De proferir teu nome,
Desperdício de letras, surreal.
Mas, ronda-me
Nas noites de insônia e solidão.
Sem meias-verdades,
Longe da mediocridade
Das máscaras.
Toca-me, milagre dos deuses
Num plano mais além da pele,
Quente e nua,
Guarda-me.

[Goreti Dias]

"Num plano mais além da pele," como deve ser!
bjs

[Carla Costeira]

Muito lindo!

Beijinhos

[josé antonio]

Bom dia Sandra,

... o amor coisificado, amor-amorfa-pedra ...

Todo o poema rico, vivo e profundo.

José António