requebro das marés

[Mel de Carvalho]

apenas o silêncio das trevas claras
me amortece a queda.


descalça
      desnuda
            desnata
   
escuto(te)

murmúrio das águas
ranger da pedra

nos astros em dança ao redor da minha boca
nos batuques além floresta
na saliva líquida
na margem solta     deposita      compósita
            |detrítica de tão revolta.

quedo-me
aquietada em espera 

… e brinco
e crivo
e joeiro
a areia em busca do oiro antigo, 
que conto, (re)conto, babo a bago,
grão a grão
     [o tanto, o nada, o "tão-pouco"... ]

semente
arroz, feijão, e deles solto
gorgulhos infectos – a vida que se esgrime e pula
livre e necessária…

feudatária em campo de trigo, de ti senhor,
procuro no horizonte largo um sinal de luz …

e hoje
e sempre
apenas encontro
in acto de gáudio e fé, silêncio e certeza de quão profundas as águas
e tenro o requebro das marés.

[Goreti Dias]

A leitura da tua poesia não aquieta... inquieta!
Bjs

[Mel de Carvalho]

talvez este seja um poema "inquieto", de dia de "trevas", minha amiga.

beijo grata
Mel

[Mel de Carvalho]

fraterno abraço, Gilberto.

será desta que desces a Lisboa??? ao lançamento do meu livrito??? se não for estarás certamente entre os ausentes/presentes, disso estou certa!


grata, Gilberto!
Saudaçoes amigas