ONDE?

[vitor]

  Mal o sol, distante o pardo sossego branda noite os olhos se fecham, mal o fim é escuro, sabes, a mão sorri dentro toca-me, quase dormes cedo já e nem soluços de ti, mal um sol a rimas fumegantes para caminharmos lençol a dentro o nosso sono desta cama sem casa sei lá, vem, afagar os restos de rastos como a sombra da tarde neste rodopiar inventado, sabe a lençol pensar-te como se o sono me deitasse em ti eu sinto o ofegar dos teus poros acordados eu sei de ti, mal um sol mal um sono mal a verdade, sabes, um dia a voz incidirá como se os passos me levassem a este regresso das vontades de resmas lúdicas um despertar ansioso, queira talvez adormecer queira não sei que mais nada sei, este rugido longe este arfar que me abafa de nada quando no final de tudo quem não adormece sou apenas eu.
  Este ocaso escasso a tresmalhar distantes pensamentos, embora os meus passos me preencham com a vontade seca de riachos imundos, o absurdo sincero nós Pandora, neste sol da nossa casa, sabes, casa dos mares que conhecemos saboreando a pele dos pensamentos, esta varanda de fumos onde sempre fumo quando te incomodam os meus cigarros de cheiro feio, sonho francês na antiga falésia eu fumo, eu bebo ares líquidos deste longínquo dispersar, sou o que sei lá ser, o que tentaria resgatar dos antigos desejos quando sei que não sei dormir penso. Regalo na esfera da noite os olhos sobrevoam as estrelas e longe, bem longe os gritos secos deste doce mar que engulo pelos olhar dos olhos regalados os meus olhos neles, entre estrelas e a imensidão de mim por dentro pensando.
  Como quando abro sem me mexer a janela, como quando para tudo no horizonte escuro da rua eu olho, o chuvisco ténue resvala cansadamente o negro fosco do alcatrão saltidando nele o efeito frio, a chuva cai solene eu vejo e sinto como se fosse por dentro o coração num baile de finalistas da minha faculdade de letras no campo pequeno, a batina híbrida de fato anfíbio sobre a lapela casta do meu rosto contigo e tu comigo, talvez me visses Pandora neste despertar lento da insónia verde, do riso amargo, bebes ainda a agua casta da viagem e eu estudante na mesma, vem, festeja comigo entre outros que comigo e eu com eles festejamos a paragem certa, banha-me de sol nas orlas doridas o meu peito cansado a felicidade comigo e tu comigo a vida ali e todos, onde estarei não sei, onde.
 

[Dionísio Dinis]

", sabe a lençol pensar-te como se o sono me deitasse em ti eu sinto o ofegar dos teus poros acordados eu sei de ti, mal um sol mal um sono mal a verdade, sabes, um dia a voz incidirá como se os passos me levassem a este regresso das vontades de resmas lúdicas um despertar ansioso, queira talvez adormecer queira não sei que mais nada sei, este rugido longe este arfar que me abafa de nada quando no final de tudo quem não adormece sou apenas eu."

De uma inquietação latente se faz escrita serena e apelativa, e seguindo em consonância com escritor, banqueteamo-nos com mais um pedaço raro da prosa dos sentidos.

"Regalo na esfera da noite os olhos sobrevoam as estrelas e longe, bem longe os gritos secos deste doce mar que engulo pelos olhar dos olhos regalados os meus olhos neles, entre estrelas e a imensidão de mim por dentro pensando."

Há uma ordem maior nesta prosa, qualquer coisa que pode superar o humano entendimento das coisas.Qualquer superior maneira de escrever para além do tempo presente!

[vitor]

Após a tua sábia e entendida opinião amigo Dinis, apenas me resta humildemente agradecer e enaltecer o animo, a força e vontade de escrever mais e mais. Obrigado Dinis.

[Goreti Dias]

No" absurdo sincero nós Pandora" vão -se soltando as palavras e os quereres...
Uma bela prosa!

[vitor]

Respeitosamente sempre Goreti, quanta honra as tuas palavras, grato, humildemente, burity.

[vitor]

obrigado amiga Dite. Recipracas as palavras que me diriges. Um abraço.