Tanto mar!

[Figas de Saint Pierre de]

TANTO MAR!

Tanto mar!
Tanto mar!
Dum lado fome,
Doutro não!
Mas, tanto pão
Para quem não o come!

Do lado da fome
Partem, a navegar,
Velas de esperança,
Içadas em quilhas de ósseos corpos,
Com esperanças,
Com almas de vidas presas,
Por um fio, ao navio, ao mar,
Por onde andam, de rastos!

Tanto mar!
Tanta noite!
Tanta espera por quem os acoite!
Tanta ânsia de verem luzes,
Não cruzes para enterrar!

O pão, esse, ali tão perto!
E já longe o deserto!
Mas, tanto mar, mas tão pouca sorte!
Tanta morte!

Depois, do lado do pão
Vêm muitos, mortes chorar!
Porém, para quando menos tanto mar
Mas, mais pão para quem nada tem?

Para quando, ósseos corpos
-quais borboletas-
Deixam nas luzes se queimarem?
E, já mortas,
Fazem tanto mar de corpos,
A boiar?!

Tanto mar!
Tanto esperar!
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Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
(Figas de Saint Pierre de lá-Buraque)
Gondomar

[Goreti Dias]

Inquietante! Muito inquietante!

[José Manhente]

Poesia sempre atual. Poesia que reflete o que faz falta.
Parabéns Figas!

[Figas de Saint Pierre de]

Olá Manhente.

Infelizmente,
não sou muito de flores,
de amores e de céus azuis,
porque quanto meu olhar alcança
céu é negro,
e dificilmente vejo raios de esperança
na "poesia" que escrevo!

Há tantos milhares de anos
religões a pregarem o Bem,
há milhares d'anos
governos a governarem bem,
mas, afinal,
cada vez mais o Homem
não é pelo que é,
mas sim pelo que tem,
e cada vez mais animal!
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Um abraço do Figas

[zésilveiradobrasil]

a poesia também se presta para  conter a nossa falta de ar... que seja num grito, do grito um maremoto, um vômito... beleza pura. cumprimentos
meu abraço caRIOca

[Figas de Saint Pierre de]

Olá Zé carioca.

A Natureza tem tantas cores,
tanta alegria e beleza,
pena que poesia de dores
a pincel com tristeza!
Um abraço, lo lado di cá do grande lago.
Figas