A Vida na Chapada; corrida do diamante(Guacira maciel) Final.

[Guacira]

O encanto de Carlos se devia ao fato de muitas e muitas vezes  ter ficado embevecido a ouvir as estórias contadas pelos tropeiros ao final do dia - após intermináveis semanas  de confinamento na serra - sentados nas mesinhas toscas dos botecos tomando cachaça de má qualidade. Eram, na verdade, fantasias elocubradas naquele isolamento como forma de se protegerem da loucura absoluta, sobre o duro dia a dia vivido nas grotas, sem sequer perceberem que suas vidas se esvaiam junto com o suor que lhes brotava da pele crestada pelo sol implacável durante verões que chegavam à beira dos infernos, acrescidos da temperatura interna dos seus corpos tensos; pelo frio de rachar dos invernos, ou das noites de qualquer estação, já que a região, como acontece nos desertos, tem noites extremamente frias e úmidas.
Naquele cenário dantesco eles iam gradualmente esquecendo da própria humanidade, cabendo ao delírio preservar apenas a sobrevivência que mantinha o sonho, como uma tênue chama, e assim, criavam uma supra realidade que gestava a esperança do tal bambúrrio.
Mas muitos não sobreviviam, inclusive por causa da violência que se impunha naquela realidade,  ou se mantinham em condição de seguirem como elemento de combustão para a mortal lavra; então, à medida que os "fortes" iam perdendo a saúde , eram substituídos por corpos jovens (apenas corpos...) e saudáveis. Para a imensa maioria, a velhice prematura chegava  e ainda encontrava uma  delirante esperança de riqueza.
Numa dessas turmas de recém chegados encontrava-se Carlos, cujo sobrenome era totalmente desconhecido. Naquele ambiente não havia necessidade dessas considerações; pelo menos ali, podia-se dizer que existia igualdade, nem que fosse de uma forma que os tornava desiguais em relação aos outros seres humanos.
No domingo do primeiro final de semana, único dia em que podiam dar uma parada naquela exaustiva labuta, tendo febrilmente preso a uma das mãos um ramo de uma das espécies nativas de desconhecidas e belíssimas orquídeas, Carlos desceu a serra...   

[damasco]

Desceu a serra e final do conto? Não pode ser, Guacira. Cadê o resto?

[Guacira]

Olá, Damasco.
Quase morrí de rir quando li seu comentário...
Rapaz, o resto vai se complicando tanto...só no livro mesmo.
Ele desceu a serra.. infere-se que aquele cotidiano que  romantizara era-lhe insuportável, pois não? (risos...).
E depois, contos longos demais aqui não atraem os leitores, é muita coisa boa pra ler, não acha? Percebe que só você comentou ou tinha alguma expectativa?

Só lhe digo que ele sofreu muito, mas, ainda assim, continuou perdulário até a maturidade, quando perdeu todas as 2 fortunas que herdara, tendo começado a trabalhar após os 45 anos e 4 filhos, porque sua mulher era de família importante e isso facilitou-lhes muita coisa; entretanto sua história de amor, foi linda até o final da vida; sou testemunha disso...
Obrigada, beijo.

[damasco]

Guacira: percebo que só eu comentei e percebo que haja mais expectativas além da minha. E, se for preciso, comento de novo. Cadê mais? É preciso comentar de novo?

[Guacira]

Não, querido, não precisa...
lá vai um pouco mais do que já tenho pesquisado, sem, entretanto,já ter arrumado  na sequência...
Vou postar de forma a que vc tenha uma visão concisa, está bem?
(risos...).

[damasco]

Aguardando...

[Guacira]

Pronto!  lá está um pós final...os outros não vão entender nada...(risos).

[Goreti Dias]

Diamantes brutos e orquídeas selvagens não combinam... Cadé o resto?!