Por Onde ando?

[Venctus]

Por onde ando…?

Nada vejo,
Nada sinto.
A penumbra circula,
Passa sem dizer nada, sem deixar nada,
Trata-me como um mero obstáculo,
A ser ultrapassado sem a menor das dificuldades.
O frio abate-se de fora para dentro,
Até gelar por completo o meu esqueleto.
Sozinho e abandonado,
Fecho os olhos e enrosco-me sobre o meu corpo,
Tento proteger o interior da minha cápsula,
Resistir á desolação criada na minha realidade.
A centelha ainda está acesa,
Por mais pequena que seja ainda permite a vida do meu ser,
Torna-me o ponto branco no mundo negro,
O brilho na escuridão,
A vida no seio da morte.

Por onde ando…?

Nada vejo,
Nada sinto,
Mas pelo menos ainda vivo,
E até Ela me visitar novamente,
A minha realidade estará mudada,
O mundo será outro,
Pois o Vento molda-o com o tempo.

Por Venctus

[Dionísio Dinis]

"Nada vejo,
Nada sinto,
Mas pelo menos ainda vivo,
E até Ela me visitar novamente,
A minha realidade estará mudada,
O mundo será outro,
Pois o Vento molda-o com o tempo."

Da negação à admissão da alteridade e variabilidade dos tempos e do mundo, vai-se por este poema em reflexão de estados de alma, de postura e sabedoria em relação aos percursos de vida e da arte. 

[Goreti Dias]

A inicial interrogação de retórica, seguida da negação reiterada, imprimem um cunho especialmente forte ao poema!

[Venctus]

Por vezes é bom
"Nada Ver e Nada Sentir,
Apenas Sobreviver"...

É quando se aprende mais e mais depressa... 

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