aischylos
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« em: Novembro 05, 2007, 12:41:30 » |
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Nuit Blanche
Ao som da lira eu busco distrair-me... porém, por mais que alegremente eu cante, sempre deploro... e entre Ãntimos delÃrios d'alma aos olhos me assalta o teu semblante!
Vagando triste à noite lentamente, sob os raios da merencória lua, teu venturoso quarto iluminado ao alto avisto da deserta rua;
e, como um ser que cerca-se de riso e na força do Amor firme se arrima, elevo-me ditoso ao teu abrigo nas leves asas que o meu peito anima.
Que estorvo me haverá... se mesmo os muros transponho, ó Musa, em copiosos giros? És a glória do amor que eu busco insone, que anseio louco em sôfregos suspiros!
Virgem dos sonhos meus... Dama excelente, doce expressão do meu amor singelo em cuja graça oculta um coração cheio todo de afeto e de desvelo,
perdão, se de algum modo, eu te molesto neste gesto febril e rubicundo, meus tristes olhos já não mais suportam fitar o brilho insÃpido do mundo:
mal sabem que um mover incauto às trevas pode lançar uma alma apaixonada, buscam sem trégua os teus, porquanto vêem a luz dos Céus em ti cristalizada...
e agora... em te deixar reluto tendo em vista o que jamais est'alma viu... como te poderia rejeitar se nem Cristo, que é Deus, te resistiu?!
Vê! Como as tuas alvas mãos se enlaçam, também unem-se os nossos corações: ao longe, da sacada, em reverência eu acompanho as tuas orações...
mas, vendo-te prostrada junto ao leito, assim... envolta em teu traje noturno, temo a fúria de Deus... e me revisto de um ar penoso, esquálido e soturno!
Então, percebo que inda em mim resiste a natureza adâmica, intratável; que não passo de um bardo insulso e reles, de um pobre pecador... um miserável.
Oh! Quanta graça alcança uma alma quando a Deus concede um canto ameno e grave... deste teu casto peito um hino arranca, faze-Lhe ouvir a tua voz suave!
E, quando o teu amável coração for em Sua recâmara acolhido, vê se lembras de mim... que só de amores ando, ó Bela, por ti cego e perdido!
Sim, põe em Deus os teus cerúleos olhos e as tuas brandas súplicas Lhe envia... porque, enquanto te espreito assim calado, eu sei também que o Céu se silencia.
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