Sangue moreno

[Abgalvão]

Bem alto se ouvia
o sopro do vento
na escarpa gemendo.
A noite caía
e a velha viola,
dolente e tangendo,
de mãos calejadas
chorava uma morna

A jovem mulata
do lenço florido
descalça dançava…
e enquanto requebra
a lua se deita
no tecto de lata
da casa de adobe

A música sobe…
o vento se excita…
e a dança se agita
nas coxas e seios
da cor do âmbar.
O mar resfolgava
e o chão sequioso
beijava-lhe os pés

Mulata sentia
na pele o suor
lavar-lhe o temor…
seus olhos fugiam
em busca dos olhos
que os seus confundiam

Seria paixão
da dança nascida
o que a luz do luar
no mar reflectia...
Seria veneno
Elixir ou licor…
Resquícios de sonho …
Ou sangue moreno
nas veias fervendo
por causa do amor

Abgalvão (In fantasias, amor e poesia)

[vilde]

Coladera

Sim senhor, gostei de ver
o dengoso e sensual
recalcar da coladera
sobre o pó do areal
era a terra que chamava
cor de barro, magistral,
deixando colada ao corpo
ouro em suor animal
que por dentro da cubata
ou à sombra do embondeiro
derrubava uma mulata
e tingia o mundo inteiro,
não de branco, nem de negro
mas de bronze verdadeiro
MLC

BJ
vilde

[Goreti Dias]

Fosse o que fosse, a música e o ritmo desta dança rolam pelas palavras deste poema!
Abraço

[Dete]

Galvão
Este poema é muito lindo

Tem a música e a cor de ambar
            ...da mulata.

Um beijo da
Dete

[Joaquim Sustelo]

Um poema todo ele quente e dançante.
Gostei imenso.
Abraço

[Abgalvão]

Às amigas  e amigos

Vilde
Domingos da Mota
Julio Saraiva
Gorete
Dete
e Sustelo

Os meus agradecimentos pelos gentis comentários

Cumprimentos


[/b]

Bem alto se ouvia
o sopro do vento
na escarpa gemendo.
A noite caía
e a velha viola,
dolente e tangendo,
de mãos calejadas
chorava uma morna

A jovem mulata
do lenço florido
descalça dançava…
e enquanto requebra
a lua se deita
no tecto de lata
da casa de adobe

A música sobe…
o vento se excita…
e a dança se agita
nas coxas e seios
da cor do âmbar.
O mar resfolgava
e o chão sequioso
beijava-lhe os pés

Mulata sentia
na pele o suor
lavar-lhe o temor…
seus olhos fugiam
em busca dos olhos
que os seus confundiam

Seria paixão
da dança nascida
o que a luz do luar
no mar reflectia...
Seria veneno
Elixir ou licor…
Resquícios de sonho …
Ou sangue moreno
nas veias fervendo
por causa do amor

Abgalvão (In fantasias, amor e poesia)

[vaza pinheiro]

Amigo Galvão

A sua coladera fez-me recuar alguns anos: aos serões cabo-verdianose quando ia ao terreiro só para vê-los dançar. Gostei muito

Um abraço

vazapinheiro

[cleo]

Talvez fosse mesmo paixão... esse sentimento cego e avassalador, que incendeia corpos e almas, devorando-os com labaredas de excitação.

"seus olhos fugiam
em busca dos olhos
que os seus confundiam"
Esta passagem descreve-o bem!

Beijo

[vaza pinheiro]

A Galvão

Não sei se reparou mas apelidei a dança do sangue moreno, de que gostei muito, a que chamei de coladera. Errei ao esquecer o poema comentário da Vilde. Aos dois aqui fica a rectificação.

[Vóny Ferreira]

Os comentários antecedentes disseram o essencial.
Eu limito-me a acrescentar apenas que gostei muito.
Vóny Ferreira

[Abgalvão]

às amigas Cleo e Vóny e ao amigo Vaza Pinheiro, os meus sinceros agradecimentos pelos gentis comentários.

Cumprimentos