breve ensaio a (des)pudor

[antónio paiva]

como esta febre que me debilita o corpo,
chão de palavras fugindo debaixo dos meus passos.
esta ânsia  efémero tempo mordendo a dúvida,
no fémur lascado do poema em fractura exposta.
profanaram de novo o que mais estimo,
estendi a mão amputaram-me o braço por inteiro.
e nesta dor que não é física, eu pássaro insólito
rente ao asfalto lambendo dor da asa perdida.

não é fábula, nem conto nem crónica,
é alma ferida em versos cobertos de cal branca.
se um dia me morrer de todo a confiança,
que morra firme a respirar no leito da morte lisa.
e se da memória não há memória,
condene-se o escriba que esquecendo o dever,
se empanturrou de vaidade e comprou a glória.

[antónio paiva]

...

Caro Domingos da Mota,

e sentida na primeira pessoa.

grato.

[Vóny Ferreira]

Excelente, Paiva, muito bom!
Vóny Ferreira

[cleo]

E os abutres, continuam por aí à espreita...

Só um mestre o escreve assim!

Beijo

[antónio paiva]

...

Ivone,

grato pela apreciação.

...

Lurdes,

continuam sim, sei bem que o(s) pre(s)sentes.

grato.