Dolores
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Porque nos revemos uns nos outros....
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« em: Julho 30, 2009, 09:31:22 » |
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Há um sonho que se estende no infinito. Espera por mim nas entranhas dos mares, nas funduras dos céus e eu encontro-me deitada neste leito morno que me acolhe nas noites de Inverno. Acalento-me nos seus braços, e refugio-me na força do seu sorriso, sempre que se ouve o vento a roçar as vidraças das janelas. Se a vida me prender neste deserto onde o sentir se mistura com as areias finas que se espalham pelas dunas abandonadas, eu serei como a brisa suave esvoaçando pelas encostas perfumadas, onde os odores se misturam na caruma verde e nas gotÃculas de resina que escorrem pelos troncos dos pinheiros, que se erguem majestosos reflectindo vultos na longevidade da margem do rio. O seu leito prepara-se já para adormecer nos nossos braços, e o sol abandona-nos à nossa sorte ao cair da noite. O lusco-fusco deixa um encanto reluzente nas águas tépidas, os reflexos dos montes misturam-se na cadência dormente que se espalha pelos nossos corpos enlaçados na maciez de um outro lugar presente no agora.
Há um sonho livre à espreita. Entro devagar neste lugar, e a liberdade é somada na cadeia de sorrisos que se levantam a viva voz. Sou eu neste mundo que me quer bem ou mal, mas sou sempre um novo mundo nas fragas soltas, nas crateras enviesadas do meu pensar e relembro sempre aquele céu que se mostrou quando me tomou num só abraço. Se me quiseres olhar nos meus olhos, entra pela porta da frente e traz-me algo com que possa alargar o meu sorriso e com ele o meu olhar. Há nas nuvens que sobrevoam o rio, um encanto que desconheço. Desenho-lhes perfis bem caracterÃsticos de uma confusão na atmosfera, e o ar entra-me pelas narinas que eu inspiro sempre que te vejo ao longe a sorrir para mim. Engulo o teu sorriso e degusto-te nas formas que se vão soltando, lentas e uniformes através das linhas traçadas no meu corpo. Entras devagarinho neste sonho ainda por descobrir. Se ele quisesse pararia todos os rios e todos os mares e alargava as montanhas e os desertos para ele passar, mas o mundo é à vista do meu olhar, um minúsculo grão que piso quando adormeço num sonho solto e me lanço na aridez desértica dos pingos de luar.
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