Figas de Saint Pierre de
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« em: Novembro 21, 2009, 23:27:34 » |
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Divagação sobre a poesia
Oral ou escrita, a poesia é a síntese da expressão mais profunda do sentimento humano, traduzido por palavras veículantes de harmoniosas sonoridades transmutacionais da matéria em espírulas espirituais. A poesia vê para além do longínquo horizonte. É a aproximação ao divino. O poeta pare versos de espantos perante toda a criação que o rodeia, mas, consequência da sua humana condição, também denuncia sua hipocrisia e suas contradições! A poesia é alquimia que transmuta a matéria, dela retirando extraindo! Reportando-nos à história do aparecimento do Homem na Terra, atendendo que esta tem, segundo os cientistas, 4.500 milhões de anos, constata-se que desde a idade da pedra, (que foi ontem) subsequentes períodos de desenvolvimento, (milhões de anos) foram necessários para que, desde os primeiros sons guturais, se chegar à formulação da linguaem oral e escrita e dentro destas as formas poéticas; catalizadores de emoções.
Nesses recuados períodos, em que a linguagem humana não passava de espasmos vocalizados, a poesia residia no espanto dum olhar perante a alternada visão do Sol e da Lua, perante rios e mares ou quase petrificado diante de dantescas tempestades; terreno propício para habitáculos de deuses! Lentamente, o Homem habituou-se à musicalidade dos ventos, ao ribombar dos trovões, à luminosidade dos raios e ao fogo provocado.
O conhecimento actual revela que o aparecimento do Homem não foi espontâneo, tanto na forma como na inteligência, tendo sofrido, como animal que é, influências da actividade cósmica, em permanente evolução em todos os aspectos. Em termos poéticos, não se sabe quando apareceu o primeiro beijo entre homem e mulher, quais os jogos de sedução mútua, qual o primeiro poema ou a quem dedicado!. Talvez o primeiro poema fosse apenas um sorriso ou na forma de maçã, dada por Eva!
Sucessivos cataclismos, entre eles o célebre incêndio da antiquíssima biblioteca de Alexandria, causaram perdas irreparáveis para o estudo das formas mais antigas da poesia. Os acervos literários mais antigos parecem ser os hieróglifos egípcios alusivos a cerimónias religiosas.
A passagem da linguagem oral à escrita teve como primeiro primitivo suporte a pedra, depois em placas de argila, em papiro até chegar moderno papel, actualmente prevalecente, embora outros, dentro da evolução tecnológica electrónica, se perfilem no horizonte.
Desde suas formas rudimentares até ao formato do soneto alexandrino, iniciado por Lambert Licors, depois por Alexandre de Bernay, muitas formas poéticas, com diversas posições da acentuação tónica e silábica serviram para realçar e glorificar feitos épicos de atletas ou guerreiros, em que “Píndaro, o poeta dos Jogos Olímpicos; o maior dos poetas gregos, cujas odes revelam audácia de pensamentos e metáforas, harmonia e majestade de estilo e uma invenção plena de vigor. Escreveu hinos, cantos guerreiros, e as Odes Triunfais em honra dos atletas vencedores dos Grandes Jogos Gregos. (In Nova Enciclopédia Portuguesa”
A poesia,desde cedo, pela letra, aliada à música, passou a servir de identidade dum povo, plasmada no seu hino nacional,
É mais pela letra da poesia dum hino do que pela música que um povo se identifica, não por um romance ou por uma novela ou conto! A música pode ser dispensada, a letra da poesia não!
Os modelos poéticos, como qualquer outra arte, foram evoluindo, neles existindo formas de expressão, como na pintura, na música, na escultura e na arquitectura, sejam formas narrativas, descritivas abstractas ou idealistas. Desde formas mais evoluídas, hoje consideradas clássicas, atè à sua ruptura e desconstrução em formas livres, processo iniciado em que Stéphane Mallarmé no séulo 19. As temáticas evoluiram, desde a religiosa, a pastoril, a romântica, até chegar à sátira dos costumes, de escârnio e mal-dizer e à crítica dos poderes vigentes.
Desde a antiguidade; na Pérsia, Grécia, Império Romano, que os poetas eram tidos como seres superiores, próximos de deuses. A corte persa de Mahmud de Ghazna albergou 400 poetas, onde reina a poesia didática. O significado de poesia, em grego, era fazer, criar! Os poetas eram uns criadores!
Por outro lado, a poesia, como representante da parte mais espiritual do Homem, pouco vende. Da literatura, em geral, o seu ramo poético em particular pouco vende.
São raros ou inexistentes os êxitos, que enriqueçam os seus autores, quando comparados com obras doutros géneros, romance, novela, conto ou ficção, por exemplo. Também não é timbre dos poetas produzirem para o êxito comercial. Para um poeta, em termos de tempo, é relativamente fácil fazer um poema, porque em minutos pode traduzir o pulsar do seu sentimento para o papel. Outros géneros, acima mencionados, demoram meses ou anos!
Porque fazer poemas é como respirar, os poetas têm necessidade não de os vender, mas de os mostrar e com outros os partilhar, daí compreender-se o aparecimento das tertúlias para esse efeito. Se o poeta não consegue ver os seus versos editados, já fica feliz em os soltar no ar intimista duma tertúlia, seja em cortes reais, onde eram protegidos, ou em serões palacianos da fidalguia. Nos últimos séculos, movimentos arcadianos ou parnasianos irradiaram seus conceitos e adaptaram-nos à realidade da evolução social e tecnológica.
Devido aos modernos recursos disponíveis, hoje, mais que nunca, cada ser humano poder imprimir a sua marca poética em suportes electrónicos, sendo a internet um distribuidor universal da edição de cada autor.
Como tudo, como nas constelações estelares, só as estrelas com maior brilho seduzem, pelo seu próprio brilho ou porque poeiras cósmicas não deixam ver o brilho de outras estrelas, que eventualmente até terão mais brilho, mas que ainda fora da nossa visão. Entretanto, a evolução não pára. Hoje, reina o experimentalismo.
Todas as formas são permitidas e como cada homem reina um criança, a menina poesia pode bricar com suas quadras, quintilhas, sextilhas, sonetos alexandrinos ou outros mais pequeninos, com versos homéricos, épicos, sáficos, seráficos, com seus troqueu, espondeus, jambos, dátilos, em estilos pindéricos ou pindáricos. Porém, a poesia que se vista com beleza que os poetas a saibam cantar que a bela poesia portuguesa seja a maior no céu a brilhar. ................xxxxxxxxxxxxxxxxxxx.............. .... Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo (o Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque) Gondomar
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