ferpereira
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« em: Julho 01, 2010, 11:26:45 » |
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Lisboa estremece ainda
Com olhos estremunhados do dia, humedecidos de maresia, reavivam só um nadinha em cada pedra lavrada, calçada entretecida de calcário e basalto, como se possÃvel fora espreguiçar a modorra descendo a despida ladeira.
Lá em baixo o Tejo cintila qual estrela matutina que se fizesse longa água; já muitos andam na faina das gaivotas à s varinas à s vendeiras de frutas e as floristas, em braçadas, levam cravos e gladÃolos para florir o Rossio.
Na rua o passo silencioso a pouco e pouco se apressa é o metro, é o comboio; o autocarro indisposto que discute com o eléctrico: - ó pá vê se sais do trilho! E se ri o seguro amarelo! E ri-se o pirralho agarrado ao estribo com a mochila a tiracolo um polÃcia meio morto puxa do assobio, mas já saiu tarde o apito.
Lisboa corre entretanto, fica a magia em suspenso até ser hora de almoço. Ficam os olhos absortos a contar contos e contos que nunca hão-de ser nossos.
Nosso é o vazio dentro, esperando a hora de almoço: uma sandes e um copo de tinto De olhos postos no imenso rio a embalar os veleiros trazem ares de outros mundos e levam os nossos sonhos.
Lisboa dos meus encantos. Que teus pés lavas no Tejo largo e belo como o mar, onde nas ondas da saudade com elas, vão os meus prantos Lisboa das sete colinas dos bairros tradicionais, do estuário do Tejo ao Chiado e Bairro Alto lembranças que tanto invejo.
Lisboa dos alfacinhas Cidade que inspira o canto o fado em ti foi criado e o poeta inspirado... Nas maravilhas do pranto! Ah! Lisboa quanto encanto nas tuas sete colinas das vielas pequeninas ao mosteiro dos Jerónimos deste, à torre de Belém.
Lisboa de cores garridas onde o fado conta mais saudades não esquecidas! Amores sem despedidas... Muitos corações aos ais. Venham ver nestas praças de Lisboa tantos animalejos tresmalhados não sei se do paÃs ou estrangeirados se de saúde dúbia ou muito boa.
Venham ver, cada uma em sua cor, por aà à solta, à mão de semear, todos podem mexer e até montar estando aparelhadas a rigor. Muitas delas ser monos aparentam outras até enganam bem os tolos, venham ver, mas não façam nelas dolos, pois obras-primas todas representam.
Santo António folgazão entra na marcha a cantar e alegra o coração dos noivos que vão casar Santo António folgazão entra na marcha a cantar e enche meu coração do amor que tens para dar Santo António folgazão entra na marcha a cantar traz o menino pela mão que ele também quer brincar. Sentei-me um dia em Lisboa Na cadeira de Fernando Pessoa. Isto é: assentei-me na Poesia E enquanto um frio sol ardia Sentado na calçada ouvia A alma calada de Lisboa
O fado feliz se fez cantado no claro Dealbar da alma feita fresta Espalhando poalha, aspergindo fortuna Doando carinho, colhendo rocio No cimo da espuma, montanha lagoa Florindo ternura!
Exultante de alegria, desvaira-se a primavera O sol loirinho e travesso brinca nas águas do Tejo É afogueado o céu onde se aninha Lisboa Abarco o esteiro qual vela Rasando a espuma marinha Com a saudade estendida à beirinha da janela!
*Menção Honrosa no Prémio de Literatura Parque das Nações / Casino Lisboa 2007, organizado pela Associação de Moradores e Comerciantes do Parque das Nações, com o poema “Lisboa estremece aindaâ€.
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