POEMA SOFRIDO

[Goreti Dias]

"É a merda da política dos políticos"
Permita-me discordar desta frase. É a merda das pessoas que muitos de nós somos. Batemos no peito e gritamos que somos pela defesa dos pobres, mas só tentamos viver à custa de outrem; gritamos contra a falta de liberdade, mas enfiamos coletes de força na alma dos injustiçados; berramos por justiça, mas difamamos os outros; queremos vomitar em cima da mesa de alguém, mas fechamos-lhes a nossa porta; Somos pelos casamentos gays, mas ficamos ressabiados porque alguém com orientação sexual diferente não quis trepar connosco; somos pela pureza de sentimentos, mas estamo-nos bugiando para os do nosso semelhante; somos pela partilha, desde que ela nos encha o nosso bolso. Mas, mesmo assim, morremos de inveja da camisa lavada do nosso vizinho.
Sabe, José António, o poema está óptimo, mas a vida e as pessoas não são assim. Há demasiada merda mesmo por aí a cheirar muito mal.

[josé antonio]

É o colorido e o perfume que nos sobra!
Abraço
JA

[Goreti Dias]

Bem se dispensavam!

[margarida]

José António, o seu poema está um grito de revolta imenso, mas deixe que o comentário último:

"berramos por justiça, mas difamamos os outros; queremos vomitar em cima da mesa de alguém, mas fechamos-lhes a nossa porta; Somos pelos casamentos gays, mas ficamos ressabiados porque alguém com orientação sexual diferente não quis trepar connosco; somos pela pureza de sentimentos, mas estamo-nos bugiando para os do nosso semelhante; somos pela partilha, desde que ela nos encha o nosso bolso. Mas, mesmo assim, morremos de inveja da camisa lavada do nosso vizinho."

Apetece dizer um palavrão cabeludo! Mas a vida é assim. Não ando eu sempre a dizer isso?

[josé antonio]

Margarida,

Há-de chegar o tempo de eu poder desabafar em escrita/livro, as enormidades a que assisti ao longo dos meus 40 anos de carreira profissional. Que Deus me dê saúde e força, casos que nem com muito esforço imaginativo vocês poderão imaginar. Desde um patrão matulão a dar uma lambada tal numa miúda de 15 anos anos ou menos, frágil pela falta de tudo, que redopiou ao longo duma mesa de estendimento de tecidos com 20 metros de comprimento e outros muito piores...
Seria tão bom olharmos para nós, antes de sacanearmos o próximo!
Abraço
José António

[Goreti Dias]

Pois é, Margarida, ando zangada com a falsidade, hipocrisia e ingratidão das pessoas.

[Eduarda]

José António,

suponho que já ultrapassamos todos os tuneis, todos os escombros que nos cairam desde o terramoto.

continuamos cada vez mais olhando o chão, para não olhar os outros.

bj

[Lucrécia Bórgia]

Um poema que morde a alma.
Pior do que não olhar os outros é olhar a biqueira dos sapatos. Sim, porque olhar o umbigo já não é possível a quem de tão inchado o ter já nem sabe do lugar onde lhe foi costurada a ligação à vida.

[helenacosta]

 J A,

 O poema está cinco estrelas!

 Beijo

[josé antonio]

Eduarda,

Como ouvi há duas semanas dum ex-colega não batemos no fundo, estamos a viver no túnel escavado pela "Micas" do Metro.
Até nos sentimentos e valores morais.
Quem estaciona em segunda fila carregado de pressa para tomar o café é o vencedor, quem empurra e rouba o lugar a alguém numa fila de atendimento é "expedito" e os outros porque educados não passam de asnos!
Decididamente para mim não dá...
Abraço
José António



Lucrécia,

Vergo-me à eloquência e lucidez do seu assertivo comentário.
Abraço
José António

[margarida]

No tunel da Micas? Não!!! No inferno dos ressabiados e dos mal educados, isso sim!

[josé antonio]

Olá Helena,

Passados três meses do funeral da minha mãe, quando vou à sepultura de ambos, todos os fins-de-semana,  substituir as flores com trejeito de florista profissional, sabe que me sinto entusiasmado por mudar a cor das flores e a sua disposição como se fosse um poema diferente todos os Domingos, ingénuamente crente de que ambos estarão a apreciar a minha " arte " e esforço para lhes colocar a floreira mais bonita de todas?
No final, quando me venho embora, páro uns segundos como que contemplando o imaginário contentamento deles.
Loucuras de poeta ou se calhar de homem crescido e amadurecido pela vida.
Grande abraço.
José António


Margarida,
Lamentavelmente tem toda a razão.
José António

[helenacosta]

  J A

  Não são loucuras, não. E, acredite que ambos estarão apreciando  sua arte.

   Bj

  Helena

[Alexa Wolf]

Quando se gosta há que revelar, é o que faço normalmente.

Por vezes devido ao cansaço não me alongo nas palavras mas não significa que não tenha compreendido, gostado bastante.

Desta vez foi o que aconteceu.

Mas mesmo assim acho importante a pessoa saber que gostei do seu trabalho.

Jinhos com carinho

Alexa

[josé antonio]

Helena,

Se calhar tem mesmo razão...
É a vida...
Abraço
José António


Alexa,

Todos funcionamos de forma diferente e temos de nos entender como tal.
Agradeço a sua apreciação, nunca para mim tardia nem fora de horas!
Abraço e cuidado com o Lobito que anda por aí...
José António