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« Responder #196 em: Fevereiro 07, 2011, 17:58:25 » |
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Carta n.º 21
Carta ao meu pai e ao meu filho
“Pai, Sei que não tivemos tantas conversas como gostarÃamos, assim como muitas coisas que não teve a oportunidade de me contar, outras tantas que eu nunca lhe disse. Hoje compartilho algumas dessas. Há algo muito importante sobre como a sua postura influencia a minha vida, que deve saber. Certa vez estava sentado com um grande amigo quando ele me faz uma pergunta inesperada. Questionava ele, “se tivesse que dizer qual a caracterÃstica que mais admiras no seu pai, qual seria?†Fiquei calado. Pensei nos conflitos que vivemos, alguns muito intensos. Reflecti por longos minutos, deixei raivas antigas de lado, até encontrar a resposta. “Se tivesse a oportunidade de descrever o meu pai numa única qualidade, diria que ele é um homem generoso.†E a grandeza dessa generosidade sempre se fez presente nos seus modos duros, intempestivos, intransigentes, os quais nunca estiveram distantes de um coração sem tamanho.
Filho, Sei que não tivemos tantas conversas como gostarÃamos, assim como muitas coisas que ainda não tiveste a oportunidade de me contar, outras tantas que eu nunca te disse. Hoje compartilho algumas dessas. Quero ensinar-te o que me ensinou o meu pai e que esteja sempre os meus modos duros, intempestivos, intransigentes, e que nunca estejam distantes de um coração sem tamanho. Pois é gigantesco o que me foi ensinado pelo meu pai: Aprendi a ser fiel aos meus princÃpios. Aprendi a ler além do óbvio e entendi que o mundo não se resume ao que parece ser. Tomei paixão pela leitura, fruto dos inúmeros livros com os quais me presenteou. Admirei-me com o carinho que sempre dispensou à nossa famÃlia, faça chuva ou faça sol. O carinho dedicado também à minha mãe. Aprendi a agir com presteza, pois quem chega primeiro na fonte bebe água limpa. Aprendi a ser pródigo e a enxergar mais alto do que desejava acertar. Compreendi ainda o peso das origens de um homem na sua vida. O valor inestimável das amizades. E a coragem de fazer o impensável quando todos discordam de você. Entre tantas discussões, atritos e tanta distância, uma frase sempre ressoou na minha mente: “Caetano, tu não vais reinventar a roda!†Absolutamente enfurecido, nunca concordava.
Pai, Hoje reinventei a roda! Fui atrás dos meus sonhos. Alcancei-os, mas tenho outros novos. Vivo intensamente, trago comigo o melhor do que aprendi, lido com as falhas – erro como nunca, na verdade -, e tenho plena certeza de que a maior perfeição na vida de um homem são os obstáculos que enfrenta, pois neles, e somente neles, nasce a força da qual necessitamos para arrancar os nossos desejos mundo adentro. Pois sim, sou um desbravador convicto, eterno conquistador de novas terras e devorador de conhecimento. E se hoje está presente diante de você esse Homem, saiba que o meu orgulho por você é sem fim. Que sou imensamente grato pela formação que recebi; dos acertos, dos desacertos, das brigas. Personalidade não nasce sob chuvas leves. É forjada em tempestades. Se caminho altivo e realizo grandes feitos, esse é o seu legado. Que estejamos juntos – como infelizmente não estamos agora – por muitos anos vindouros. Pai, eu amo-te! Filho, apenas te digo: “tu não vais reinventar a roda!â€
Carta n.º 22
Neste último ano
Olá! Como sabes, neste último ano, muita coisa se passou na minha vida, desde o sonho destruÃdo pela traição do meu marido com a minha melhor amiga até a um recomeçar de uma nova vida. Foi devastador para a minha alma. Há dias como estes em que nos apetece apagar o dia do calendário e da memória. Com uns copos, alguns conseguem apagar essa sensação de acordar no deserto que nos cega. Mas eu não bebo, por isso não podia ir por aÃ. Precisava de um sol, mas de um sol refrescante. Mas o sol tardou e eu pensava apenas em me atirar janela fora do 11º andar e nunca mais acordar neste mundo cheio de nada. Depois o sol apareceu. Foi a minha irmã que me tirou do mar de areia e me levou a uma festa de “tudo boa genteâ€, como ela me garantiu. Naquela festa, no meio de um mar de gente desconhecida, um desses rostos, já esquecido pelo tempo, volta a me encontrar. Eu disse que achava já o ter visto nalgum lugar também, porém o seu rosto em nada me parecia conhecido. Mas a voz, sim, havia algo de familiar naquela voz. Começamos a pesquisar os nossos passados e descobrimos que um ano, lá bem no passado, fomos da mesma sala de colégio. Aos poucos vamos recordando pessoas, factos que ocorreram. E nós pusemo-nos a conversar, e a conversa até que sai com uma certa desenvoltura, como se fôssemos amigos de anos, quando, na verdade, fomos apenas colegas por um ano. Vamos descobrindo que durante esses anos todos, as nossas vidas não estiveram tão distantes assim, e até temos amigos em comum. Mas então chega a hora de irmos embora. Despedimo-nos alegremente, com um ar de "prazer em revê-lo" ou um ar de "espero reencontrá-lo novamente". Ou, mesmo sem sabermos, talvez tenhamos ficado com essa impressão de ter a certeza que algum dia voltarÃamos a nos encontrar; assim, ao acaso, à surpresa, como desta vez. O mundo dá voltas... como dá voltas. Arrependida por não ter pedido o contacto dele no dia daquela bendita festa. Já me tinha demorado muito tempo sem homem, um dia a mais era demais. Quem me valeu foi o anfitrião da festa a quem exigi que me desse o número dele. Liguei-lhe de imediato e até hoje não o larguei nem ele me largou. Agora vivemos um para o outro. Ele separou-se da namorada, porque também a relação deles ainda não era muito estável, e tinha sido só para ver se dava. Agora ele quer viver comigo. Diz que perdemos muito tempo, ao estarmos tão separados. Agora devÃamos aproveitar o que a vida nos ofereceu. A vida quis que nos juntássemos. Deu-nos a conhecer um novo caminho, uma nova via, um novo futuro, um novo destino. Temos de aproveitar. Fazer projectos a curto e a médio prazo para a nossa relação tem sido muito benéficas para mim. Eu, que estava no fundo do poço, sem condições para voltar a sorrir, com vontade de me atirar de uma ponte ou de uma janela de um prédio, agora sinto-me tão bem, tão feliz, como se aquilo porque passado tivesse sido num passado tão longe, tão distante. Apenas porque voltei a amar, apenas porque o amor é tudo. Há quem diga que quando uma porta se fecha, uma janela logo se abre e eu não acreditava nisso. Agora sim, agora acredito. Uma grande janela se abriu, tudo o que estava para lá da porta que se fechou, está bem trancada, para não mais abrir, para não mais me atormentar. Agora quero viver, amar, ser feliz.
Carta n.º 23
Meu Querido Escrevo-te porque sinto saudades tuas. Especialmente hoje, porque chove lá fora como no dia em saÃste da minha casa e da minha vida, como no dia em que abandonaste os teus livros em caixotes e o meu corpo frio, sem sopro de vida. Sinto falta do teu olhar pousado em mim enquanto eu me vestia, das tuas gargalhadas francas pela manhã, do teu abraço quente nas noites frias. Dói-me a tua ausência na minha cama, queria voltar a ter-te aqui, para me segredares palavras doces ao ouvido, para me beijares o pescoço e a boca, para entrares no meu corpo sedento do teu. Conheci-te, num final de Julho longo e ardente, e não previ a tua chegada, não antevi a tua pressa, não adivinhei o perigo que encerravas nos teus olhos luminosos. Já te tinha sonhado, dentro de um sono possivelmente agitado, mas por vezes, os sonhos surgem-nos envoltos em bruma, as mensagens fechadas em códigos ininteligÃveis. A plenitude do Verão e o teu sorriso irresistÃvel, trouxeram-nos a intimidade, a inundação transbordante do amor. As estações sucederam-se a partir daà como nunca antes tinha acontecido, o Outono em doces tardes, o Inverno na quentura do teu peito, a Primavera nascida de todas as tuas palavras, o Verão eterno nos teus dedos esguios. Eu amava tudo em ti, mesmo os teus defeitos mais óbvios, as tuas imperfeições de carácter, tudo o que eu odiava nos outros homens. Erguias-te aos meus olhos todos os dias nesse esplendor absoluto, de cabelos negros em desalinho e olhos húmidos, magnificente como um Deus. O nosso amor radiante e sem mácula, eu e tu juntos, sempre gloriosos e animados, com chuva nos cabelos e a pele quente do sol, o amor que eu via, sentia e acreditava. Foi preciso tempo e lucidez para questionar o esfriar das tuas mãos, o silêncio profundo depois do orgasmo, os discos de jazz que já não ouvias. à noite, apesar de estares deitado a meu lado, era como se precisasse de um avião para chegar até ti, como se vivesses num outro continente. Estavas na China, mas dormias na minha cama. A Grande Muralha erguia-se á tua volta, e era impossÃvel alcançar-te. O tempo agigantou-se entre nós, e tornou-nos distantes, frios e cinzentos. A distância cresceu, alastrou como uma nódoa de azeite numa camisa nova e feriu-nos mortalmente. Durante muito tempo, esperei por uma resposta, por um sinal, por um gesto. Esse vazio silencioso afligia-me, paralisava-me, provocava-me insónias. Nesse Inverno de neve e silêncio, de trevas e vazio, passaram muitos anos e tu não te deste conta, e eu envelheci. No dia em que te foste embora, percebi que fui sempre um ser imperfeito, fugidio e egoÃsta. No momento em que a porta se fechou atrás de ti, sob o peso das tuas mãos duras, também o meu coração se tornou uma peça inútil, um doente terminal em coma profundo. Sinto saudades tuas. Especialmente hoje, porque chove lá fora, como no dia em que partiste. O teu cd de Jazz preferido toca no volume máximo, ecoa na minha casa e no meu peito. A chuva bate com força nos vidros, e é como se tu regressasses, por breves momentos tu estás aqui de novo, o teu cabelo negro em desalinho, o teu corpo celeste nos meus lençóis, os teus olhos húmidos em êxtase. Uma última vez, tu e eu e o nosso amor assim, radiante e intacto, antes de ser levado pela corrente, ressuscitado do sepulcro, como um milagre. Fazes-me falta. Volta por favor. Para sempre tua
Carta n.º 24
Carta; De mim, para mim…!
Há quanto tempo não falo contigo? Ah, há tanto tempo… sim!
…No entanto, sabemos, com uma precisão indefinÃvel, que seja qual for a circunstância do nosso afastamento, estaremos sempre uma com a outra incondicionalmente. Nas horas mais difÃceis. Para escalar os morros escorregadios que teremos que ultrapassar. Para que possamos içar finalmente a bandeira da determinação. A nossa. Porque somos nós que determinamos o queremos ser e nunca o que os outros julgam que somos.
Não o esqueças…! Principalmente nunca deixes de ouvir o que o teu coração te segreda. Ele pode enganar-se mas é sempre sincero quando o ouves atentamente.
Não permitas que os outros nos desencorajem. Peço-te!
É nestes momentos em que sigo a luz que busca incessantemente a claridade que se esconde no orifÃcio de todas as sombras. Que me apercebo que por maior que seja a distância, ela se encurta ao som de um simples trinar de dedos.
Qualquer que seja o desespero que nos invada o espÃrito, a mesma ajoelha-se e cede. Haverá maior milagre do que acreditar no que desejamos?
Há quanto tempo… pois é! Ah, há quanto tempo!
Aprende a positividade das lições que te vieram do passado. A viver intensamente o presente, sem grandes conjecturas para o futuro.
Sabes? O futuro é hoje!
- Toma… bebe um copo de vinho comigo e sorri para o espelho. Não faças as habituais caretas como se esse exercÃcio fosse uma idiotice pegada. Deixa-te de esquisitices. Descontrai, vamos lá!
Sinto-me tão só, hoje! Será que ainda não estás aqui, junto a mim? Não.
Porque sempre estiveste. Bastava eu querer sentir a tua presença.
E depois… mocinha insegura, vai-te lembrando que tens que gostar de ti, muito,
para que os outros aprendam a gostar de ti.
É básica essa conclusão mas não esqueças de a colocar em prática já que as palavras só ganham sentido se forem aplicadas no seu mais transparente sentido.
Carta n.º 25
APRENDER A PERDER-TE (carta)
Espreitei-te, hoje, pela nesga dessa onda onde te banhavas em mergulhos acrobatas a desafiar o sol nas suas penetrações abrasivas. como se de repente o céu caÃsse inteiro nas minhas mãos e te transformasses nas teclas de um piano a desafiar a impaciência gritante dos meus dedos. quis tocar-te com as chamas deste inferno que me devassa o corpo febril num alienado anseio de arrebatamento. Sabias?
- Por isso me aproximei de ti, como a abelha enamorada pela flor, mas… mas tu, estranhamente já não estavas lá. quis vestir-me dessa nudez que florescia na invisibilidade desfolhada do meu desejo, no entanto, apenas permaneceu a tua imagem transparente a eclodir de uma onda colérica. Porquê ? se o amor é uma pomba que apenas quer voar? … desejei como quem roga, flutuar à tona de água, procurar-te nessa imensidade atlântica, acompanhar de perto esses bailados ondulantes para que o perfume do meu corpo se diluÃsse na mesma água que beija o teu. mas o mar enovelou a minha vontade, e eu… eu… perdida de ti e de mim, teimei em escrever na água o principio desse perecer estranho onde te busquei calçada de esperanças inapagáveis Não leste essas palavras? Eram gigantescas como o meu amor por ti… imensas como o mar. Leste? Ah… nem sei se sabes, que agora os lobos já não uivam no meu coração. Que pena… que a pena… me desarme com espadas de sal e brisas. Hoje voltarei a ser um canário que canta a olhar para a lua. Atrever-me-ei a entoar frémitos ocasionais, a transpor silêncios salgados, ávidos desse olhar inflamado de oceanos até que as algas do pensamento te façam escorregar para o sangue que bombeia o meu coração. Talvez o colapso final se dê por fim e eu saiba perder-te definitivamente…!
Carta n.º 26
Para o meu Amor,
Quando te conheci, o meu mundo estava virado do avesso. Estava perdida de mim, sem norte de vida, alheada da realidade, mergulhada numa escuridão da qual pensei nem querer sair… Mas quis o destino que nos encontrássemos e aqui estamos, passados tantos anos, amando-nos, respeitando-nos, sempre presentes um para o outro. No entanto, eu sei o que te fiz sofrer. Foste tu quem ajudaste a encontrar-me, quem me trouxe á realidade, quem iluminou o meu caminho, quem me tirou do desatino. Sei que dirias agora, que fiz tudo sozinha, com a minha força de vontade, e talvez seja verdade, mas foi o teu amor constante e a tua força, que me deram alento para a luta que travei. Tive sempre uma vida sofrida e encontraste-me no mais profundo abismo… não seria qualquer um que abraçaria a situação que enfrentaste. Mesmo mais tarde, quando a doença chegou e sabes não ter cura, e que me irá torturar até ao fim dos meus dias, continuaste e continuas tal como sempre foste, forte, seguro, amigo, companheiro, amante, marido, e já nem se fala do excelente pai que sempre foste para os meus meninos. Poderia dizer-te tantas mais coisas, mas tudo resto seria quase estar a repetir-me. Eu sei que tu sabes, mas quero que todos saibam, que te amo, sempre te amarei e aconteça o que acontecer, nunca te esquecerei, nesta vida ou numa outra… Amo-te…
Carta n.º 27
Caro Senhor
Sejas Tu quem fores, seja lá como Te chamas ou chamam, a mim pouco importa. Estou aqui neste momento, numa noite de insónia, como tantas outras, e as palavras fervilhavam-me na mente e achei que devia escrevê-las. Quero agradecer-Te tanta coisa! Quero agradecer-Te a infância que quase não tive, mas que me ajudaste a atravessar, quase que esquecendo as más lembranças. Agradeço-Te a adolescência que não vivi, mas na qual não me deixaste perder. Estou grata porque apesar de ter sido forçada a crescer abruptamente e me ter perdido de mim, nunca permitiste que enveredasse por maus caminhos. Agradecer-Te, por me teres ensinado que tudo acontece por uma razão, que depois da mais terrÃvel tempestade, vem sempre a bonança. Por me teres ensinado e ajudado a ser uma boa Mãe. Porque me mostraste o que era amar de verdade, incondicionalmente e me presenteaste com um Amor tão lindo, que faz pensar diariamente, que tudo, mas tudo o que sofri na minha vida, foi um preço pequeno a pagar pelo que tenho hoje… Fiquei fascinada com a capacidade de amar que me ajudaste a descobrir que tinha, como me consegui tornar uma pessoa melhor, e como quero continuar a melhorar! Não tenho muitos amigos, mas os pouquinhos que tenho, são um tesouro. Os meus filhos, os meus enteados, os meus netos, os meus pais, a minha tia e a minha prima adorada, são as minhas relÃquias. E até os meus gatos são uma bênção (apesar das marotices), que aqui tenho em casa, quem sabe, talvez porque os recolhi ainda bebés, abandonados no lixo, mas a dedicação e carinho deles, sensibiliza-me muito, principalmente por ver tanta frieza e maldade lá fora, nos humanos… Agradeço-Te toda a beleza das coisas da Vida… E agora, Perdoa-me que esqueço de agradecer alguma coisa, mas peço-Te encarecidamente que perdoes o que faço de errado, que perdoes o que todos fazem de errado, que faças tudo por tudo por iluminar essas almas obscuras e perdidas que por aqui andam. Por mim, tentarei dar o meu melhor, até porque penso que Te devo isso. Mais uma vez, não sei bem quem És, cada um chama-Te o que bem entende, ningém sabe bem a tua forma, mas para mim, É somente algo superior, belo, omnipotente, omnipresente, omnisciente, e que acredito piamente não andar muito satisfeito com o que vês aqui por estes lados. Mas, mais uma vez, Perdoa-nos e não nos abandones. Esta é a minha Fé
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