Nação Valente
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outono
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« em: Março 21, 2012, 21:28:16 » |
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Este é um parêntesis atípico e particularmente estranho. Não brota da realidade. Nasce e vive estranhamente prisioneiro de si próprio. Nasce e vive na mente que o cria e aprisiona. Não é um exercício sobre as coisas mas sobre o porquê das coisas, da razão de ser das palavras e da sua utilização, na sua vertente mais pura, a poesia. Às vezes construo umas frases a que atribuo formalmente o rótulo de poesia. Mas sei que não sou poeta. Poesia não se aprende. Grosso modo e salvaguardadando toda a subjectividade e matéria opinativa, considero que há poetas e escrevedores de poesia,(sem desprimor) categoria onde me incluo. Nos meandros da minha mente procuro estabelecer a diferença, neste dia mundial da poesia:
E se poeta sabe que: Levam justiça consigo as palavras que dissermos. Por quanto sentido antigo, nelas ficou por castigo o futuro que tivermos. Jorge de Sena
para o escrevedor são apenas: Palavras, palavras ,palavras, Expressão de sentimentos ou de sisudas teorias, De Babel por castigo libertadas, No barro em cunhas amassadas Com sangue escritas e gravadas Para poderem viver na poesia.
E se o poeta vê: Olhos do meu Amor! Infantes loiros Que trazem os meus presos, endoidados! Neles deixei, um dia, os meus tesoiros: Meus anéis, minhas rendas, meus brocados. Florbela Espanca
O escrevedor enxerga: só te conheço pelos teus olhos Iluminados por auroras boreais, de tempestades, de sonhos intemporais, de onde brotam palavras livres de metáforas e da ditadura das regras gramaticais, como é livre o pensamento das mentes excepcionais.
Enquanto o poeta sonha: Eles não sabem, nem sonham, que o sonho comanda a vida, que sempre que um homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança. Gedeão
O escrevedor filosofa: Os sonhos são feitos da matéria que os sonhos faz Habitam etéreos no inconsciente da inconsciência; Os desejos são sonhos que os sentidos inventaram Cuja forma e conteúdo sem sentido aparente, Nos mantem no limite da demência Que nos persegue das profundezas da mente.
Um : Brindo com o copo vazio, O conteúdo está em mim. Não troco sorrisos, nem lágrimas, Mas brinco de esculpir palavras. Finjo que são aladas, que voam. Que têm a liberdade que não tenho. Brandão Marcon
O outro: tenho as palavras presas na teia da minha insegurança, No receio de que me as roubem da lembrança, De ser por bardos aviltado Ou, mais aviltante, cinicamente tolerado; Pobre verbo poético? Liberta-te e liberta-me desta pressão obsessiva E deixa ir as palavras à deriva.
E se a poesia vive no poeta que o escrevedor viva na poesia!
MG
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