Nação Valente
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outono
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« em: Janeiro 18, 2013, 19:03:27 » |
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Mil perdões pela ousadia de lhe dirigir esta missiva. Mas tenho que lhe dizer, mesmo que nunca o venha a saber, que o seu testemunho me impressionou pela franqueza, pela coragem e em certo sentido pela ingenuidade. Fosse a menina politicamente correcta e teria falado da crise, da exploração, da pobreza, entre outras generalizações. Mas não. Preferiu falar dos seus desejos pessoais, daquelas coisas comezinhas mas justas que fazem a nossa felicidade. E porque o fez com sinceridade, não merecia as crÃticas a que se sujeitou nessas plataformas de coscuvilhice e vulgaridade que são as redes sociais. Não lhes ligue, pois valem o que valem e a menina mostrou que está acima dessa vox populi.
Quero prestar-lhe a minha solidariedade, de que seguramente não precisa, mas faço-o pela admiração que me merece. E merece porque tem o sonho de adquirir um produto considerado de luxo, em tempos de grande dificuldade. Mas quer fazê-lo com o dinheiro que está a ganhar, honestamente, com o suor do seu rosto. E isso faz toda a diferença num mundo e num paÃs onde os bons valores são letra morta. Por isso lhe tiro o meu chapéu. Por isso lhe agradeço ter-me feito acreditar na qualidade da nossa juventude. Por isso terá para sempre um lugar permanente no meu coração. Por isso não esquecerei a sua lição de vida nos anos que me restam e que são muito menos do que aqueles que a menina tem para construir a felicidade que merece. E apesar de a menina ter namorado,(espero que a mereça) como se lê nas entrelinhas, não resisto a dedicar-lhe estes sentidos versos de inspiração camoniana:
Sem mala vai caminhando
A bela Pépa Xavier
Bem segura do que quer
Muito charme e simpatia,
Tem no rosto sedutor
E em palavras sem temor,
Diz fazer economias
Para dar azo a fantasias:
Sonhos livres de mulher
Bem segura do que quer.
Na voz cheia de ternura,
Mais doce que o doce mel,
Pede uma mala chanel;
Fá-lo com tanta candura,
Que não é uma loucura:
Sonho justo de mulher
Bem segura do que quer
Sai sem mala, mas segura,
Com um sonho de mulher,
Que sabe bem o que quer.
E num acto de bravura,
Contra invejas e censura,
Ergue a mão pura de mel
Com uma mala chanel.
MG
MG
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