Nação Valente
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outono
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« em: Outubro 01, 2013, 18:37:46 » |
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I A ocasião faz o ladrão Romeu da Maia dirigia com eficiência a loja de eletrodomésticos, propriedade da famÃlia. Fruto proibido de uma relação contrariada da mãe, Eduarda da Maia, na juventude, nunca conhecera o pai biológico. O seu verdadeiro pai, que o educou e lhe abriu as portas da vida foi o marido da sua mãe, um empresário ligado ao grande comércio. Depois de ter regressado da guerra colonial onde se destacou como oficial miliciano, Romeu foi viver sozinho para um apartamento da periferia. No seu dia-a-dia despreocupado sentia contudo a falta de uma companhia feminina. Em tempos, andara enrolado com uma colaboradora que o trocara por um comissário de bordo, cinquentão, que trabalhava numa empresa de aviação americana. Numa outra relação fora traÃdo por uma escriturária da sua Companhia de Seguros que fora apanhada a sentar-se no colo do chefe de serviço. A promoção profissional ganhou-lhe aos pontos. Ainda chegou a ser abordado por uma quarentona divorciada, que o amassou num baile de fim de ano no velho Monumental, mas quando foi chamado a entrar ao serviço, acobardou-se, e deu de frosque. Após várias desilusões amorosas, um dia igual a tantos outros mas tão diferente, embasbacou-se quando viu passar na frente da sua loja uma moça de fazer parar o trânsito. Foi paixão à primeira vista. Estava em pulgas para lhe chegar à fala, mas não arranjava maneira nem coragem. As más experiências pesavam como chumbo e manietavam-lhe a acção. Por mero acaso quando passava os olhos por uma página de um vespertino viu-se a ler anúncios de bruxas, videntes, astrólogos e outros vendedores de felicidade. "Se a sua vida anda enrolada, o professor Hórus dá-lhe a solução" ou " as cartas da menina Lobélia solucionam todos os problemas de amor" entre muitos outros. Romeu encheu-se de coragem e tomou a decisão: “vou consultar a cartomante."
II Salte-lhe para cima Tocou à campainha de um prédio antigo na zona histórica, subiu umas escadas de madeira carcomida por muito afago dos mais desvairados calcantes e parou junto à uma porta de madeira velha, onde o esperava a cartomante Lobélia. Conduziu-o até ao gabinete através de uma salinha de espera decorada com imagens de santinhos de devoção popular. Sentaram-se frente a frente separados por uma mesa redonda coberta com um pano verde. A menina, mas pouco, Lobélia, olhou Romeu com ar superior e interrogativo e após um curto silêncio perguntou : o que pretende saber? Queria saber o que dizem as cartas sobre o meu futuro. Lobélia pediu-lhe para partir o baralho e a seguir distribuiu as cartas pela mesa. Virou-as lentamente e com voz firme e autoritária disse, as cartas afirmam que tem sido infeliz com as mulheres, temos traição, abandono, ingratidão. Pensa muito em fandangos (leia-se sexo real) e vejo aqui uma mulher que o traz embeiçado. Certo? Vou dar-lhe um conselho: para não voltar a ser preterido salte-lhe pra cima para ela se apaixonar por si... Romeu saiu animado com o resultado da consulta da cartomante. Tinha recebido informações seguras sobre o passado mas "salte-lhe pra cima... martelava-lhe a cachimónia como um relógio de repetição. Dito assim, saltar-lhe para cima, parecia não fazer sentido. Até ver apenas visionava a sua amada em movimento e na posição erecta? Faltava qualquer coisa no puzzle, precisava de mais informação. Foi neste ponto que resolveu recorrer aos serviços do astrólogo Horus. Uma menina, mesmo menina, de longas e bem torneadas pernas, descobertas por uma espécie de saia que mal lhe cobria as generosas nádegas, abriu-lhe a porta e recebeu-o com um sorriso carnudo de orelha a orelha. A coisa prometia pensou Romeu. Sou Irene, muito prazer, enquanto lhe estendia, num cumprimento, uma mão suave como seda que o deixou cheio de calafrios. Espere um minutinho, o meu marido atende-o já. Irene empurrou uma porta: mõr está aqui o senhor Romeu. Entre, disse o astrólogo. Entrou e viu na sua frente um cavalheiro de meia idade, gorducho, magro de cabelos com reflexos de neve. Está bem calçado o magano, foi a primeira ideia que lhe ocupou a mente. Feitas as apresentações, Hórus consultou um mapa astral de onde ia retirando cenários muito genéricos, mas todos promissores. No fim desta breve arenguisse, o discurso descambou para a actividade sexual, o que não estava desenquadrado daquele ambiente familiar. De tudo o que foi dito Romeu reteve apenas a ideia que parecia completar o conselho da cartomante: "para conquistar e segurar uma mulher é preciso satisfazê-la sexualmente. Nunca use a técnica do coelho. Prolongue a acção durante bastante tempo...digamos que uma hora é o mÃnimo...para a deixar bem saciada. Pagou, despediu-se, reviu na saÃda a escultural menina mulher do Horus. Quem tinha em casa aquele monumento devia ser levado a sério. Embora não respondesse a todas as suas inseguranças, começou a achar sentido à orientação do astrólogo: “para conquistar e satisfazer uma mulher..."
III A beleza de Cléopatra Romeu considerou que terminara a fase de consulta. Estava na hora de passar à acção. Mas sentia que antes de entrar no jogo a sério tinha de fazer alguma preparação. Tarefa que não se apresentava nada fácil. No serviço militar ouvira falar na Gruta do Amor, um estabelecimento clandestino onde se adquiriam artefactos sexuais. Nessas conversas tomara conhecimento da existência de bonecas insufláveis. Why not? Quando entrou na Gruta do Amor Romeu parecia um espião russo dos anos vinte. Ao espesso bigode acrescentara uma barba postiça, uns óculos de lentes grossas e um boné de pescador. Um tipo que parecia chupado das carochas olhou-o de soslaio e perguntou-lhe se podia ser útil. Venho a pedido de um amigo que vive num sÃtio isolado saber se tem material insuflável, perguntou procurando disfarçar o tom de voz. Não pretendia pôr em causa a sua reputação de cidadão honesto e respeitador dos bons costumes. Quer dizer imitação de gajas, feitas de latex? Tenho aà material de primeira que até vibra e nunca se cansa. Tem preferência por cor? Tenho-as de todos os continentes e para todos os gostos. Tenho ainda as personalizadas que imitam tipas famosas. Aqui está o catálogo. Levo esta, disse Romeu, o meu amigo é admirador da Antiguidade, faça-me um embrulho discreto. O apartamento que Romeu possuÃa uma sala na periferia tinha um quarto, uma cozinha e uma sala com uma porta janela sem cortinados e que dava acesso a uma pequena varanda. Romeu subiu em passo apressado os dois lances de escadas que o levavam ao seu apartamento. Atravessou a sala em direcção ao quarto, ansioso por experimentar o equipamento. O vendedor da loja informara-o que à boneca só faltava falar, o que para o efeito podia ser uma vantagem. No resto quase imitava uma tipa de carne e osso. Na sua concepção estivera a beleza de Cleópatra. Mas esclareceu-o que não há bela sem senão.Avisou-o que a ranhura se sofresse excesso de calor poderia bloquear. Dito de outra forma não podia ter uma utilização muito prolongada. Depois de insuflar a sua Cleópatra, Romeu achou-a um pouco anafada para seu gosto. A primeira tentativa de utilização correu mal. Colocou-se em cima da boneca mas esta deslizou fazendo-o dar um trambolhão da cama do que resultou ficar com algumas mazelas superficiais. A sua Cleópatra parecia ser do tipo arisco, pensou Romeu ainda meio atordoado. Parou para avaliar a situação. Quando começou a ler as instruções percebeu que a engordara em excesso. Depois de lhe reduzir a celulite voltou à carga. Conseguiu finalmente ajustar-se na perfeição. O treino estava a resultar. Sentia que começava a dominar a situação. Senhor de si esqueceu-se do tempo e da advertência do vendedor. Quando quis parar estava preso à sua personal trainer. Quanto mais estrebuchava mais aumentava a sua prisão. Num segundo de lucidez descobriu que precisava de esvaziá-la. Mas como, se não tinha acesso à válvula de enchimento? Romeu percebeu que precisava de um instrumento cortante. Não tinha nenhum à mão. Começou a deslocar-se para a cozinha com a boneca acoplada. Ao atravessar a sala tropeçou nos pelos da alcatifa e estatelou-se. Com esforço foi-se arrastando até encontrar uma faca. Começou a golpear a Cleópatra até começar a emagrecê-la. Libertou-se. Só então reparou que não tinha descido os estores da sala. Tarde de mais. No apartamento situado em frente do seu um olheiro observava-o assustado.
IV Nunca se menospreza uma pista O inspector Marco Shakespeare estava a dormitar no seu banho diário com sais relaxantes , prática que herdara da costela inglesa da mãe, quando o telefone tocou -Estou… -Desculpe inspector, fala do piquete nocturno…surgiu uma situação urgente. Um indivÃduo identificado ligou-nos e diz que está a assistir, do seu apartamento, ao assassinato de uma mulher nua. Podemos estar perante o “enguia†o procurado raptor de prostitutas… - Foda-se agente BasÃlio…tiras-me da minha sessão zen por causa de um telefonema…acha que o “enguia “ se punha a jeito de ser apanhado em directo… -Inspector sigo as suas instruções: nunca se menospreza uma pista por mais irrelevante que pareça. -Ok. Prepare uma equipa para actuar de imediato. Quando Romeu acabou de devolver a peça de latex à sua embalagem, a campainha tocou freneticamente. Enfiou a pequena embalagem no fundo do roupeiro e foi abrir a porta. Um latagão de um metro e noventa apontou-lhe uma arma: Levanta os braços e mantem-te quieto. Pode entrar inspector, o suspeito está controlado. Romeu emudeceu. Uma figura embrulhada num sobretudo de tweed verde e com um crachá na mão esquerda disse: onde está o corpo da mulher assassinada? . Mulher! qual mulher?, conseguiu balbuciar Romeu em pânico: deve haver algum engano. Qual engano, qual carapuça, recebemos uma denúncia de um vizinho…Agente BasÃlio faça uma busca ao apartamento, disse o inspector , agitando o crachá. O agente BasÃlio, de alcunha o Buldózer, braço direito de Shakespeare e primo de sangue revirou tudo. Não encontrei nenhum corpo, nem qualquer vestÃgio de crime, inspector, disse BasÃlio com um ar algo desolado,. Era o que eu pensava. Deve ser fantasia de algum lunático paranoico, afirmou Shakespeare procurando eclipsar-se dentro do sobretudo, e apertando violentamente o crachá. As nossas desculpas senhor? Chamo-me Romeu, conseguiu balbuciar o suspeito, recuperando a voz. Ao sair do apartamento o inspector dirigiu o foco de uns olhos verdes pequeninos para o Buldózer e sentenciou: não gosto de ser gozado, chateia-me, mas nunca te esqueças BasÃlio uma pista, mesmo absurda, é sempre uma pista. Um indÃcio é sempre um indÃcio. O homem está todo esgadanhado. Vamos mantê-lo debaixo de olho.
V Sou boa como o milho? Romeu reconheceu que o plano A tinha falhado. Na manga esperava o plano B. Tinha chegado a hora de o executar. Eram 21 horas quando entrou no bar Flórida pela primeira vez. Nunca tinha estado num local de venda de sexo. Na semi-obscuridades da sala reparou nas silhuetas sentadas em volta de mesas de pé de galo. Na pista de dança rodopiavam pares de dançarinos. Dirigiu-se ao balcão e sentou-se num banco de pé alto. Pediu um whisky e solicitou a presença do gerente. Bebeu um gole. Sentiu uma mão suave no ombro. Olhou de soslaio: vamos dançar jeitoso?Abanou a cabeça procurando sacudir aquela voz atrevida. Em que posso servi-lo, disse o individuo que se apresentou como gerente. Queria contratar uma das suas meninas? Olhe à sua volta e escolha. Não está a perceber, continuou Romeu; vou directo ao assunto: por razões que não vêm ao caso necessito de umas lições de sexo. Preciso de uma profissional experiente e discreta, pois por motivo que não interessa desenvolver não quero ser reconhecido. Não discuto o preço. Se puder ser, desejo começar hoje. Já percebi, afirmou o gerente, vou enviar-lhe uma menina de toda a confiança. Pode ser à s vinte e três? O inspector Shakespeare disfarçado no sobretudo tweed esperou que Romeu saÃsse. Aproximou-se do balcão. Passou o crachá pelos olhos espantados do gerente do bar. PolÃcia Judiciária. Posso ser útil?, disse o gerente. Quero que me diga o que pretendia o sujeito com quem esteve a falar. Estamos a segui-lo como suspeito de eventuais crimes, informou o inspector. Ok disse o gerente. Veio contratar uma menina. Combinámos enviá-la ao seu apartamento à s vinte e três. Não vai enviar menina nenhuma. Eu trato do assunto. Shakespeare dirigiu-se para o carro e disse ao agente BasÃlio: ligue-me de imediato à agente estagiária Julieta Queiroz. Julieta Queiroz entrara para a PJ por vocação e convicção. Filha de uma corista de revista, e gerada durante uma relação ocasional da mãe nunca soube quem era o pai. Activa, determinada e inteligente cursou Direito para seguir a carreira policial. Aliava a estes predicados uma beleza rara e incomum que herdara da mãe. Distinguia-se pelo seu porte no meio das multidões. Era habitual receber piropos de homens atrevidos que não a intimidavam, pois costumava responder sempre à letra e embatucar os provocadores: sou boa como o milho? Pois sou mas não é para o teu bico, galo capão. Depois do jantar adquirira o hábito de tomar um banho relaxante. Estava a sair da banheira quando o telefone tocou: -Estou. -Doutora Julieta fala Shakespeare -A esta hora inspector? -Temos uma urgência …prepare-se. Apanhamo-la dentro de meia hora. Vou directo ao assunto, disse Shakespeare quando Julieta entrou na viatura. Podemos estar na pista do “enguiaâ€. O suspeito acabou de contratar uma prostituta. Precisamos da sua colaboração para a substituir. "Alto aà doutor Shakespeare. Sou agente de polÃcia. Não fui contratada como prostituta nem como actriz, replicou Julieta. Desculpe doutora, não a chamei para argumentar, mas para agir. Conversa acabada.
EpÃlogo À noite todos os gatos são pardos Shakespeare resume o plano que Julieta tem de executar: à s vinte e três horas apresenta-se como a prostituta contratada. Diz a senha combinada. Vou colocar-lhe uma discreta pulseira com um transmissor para nos contactar. Estamos no lado de fora. Reproduzimos a chave do apartamento e entramos de imediato quando nos chamar. Quem é? Perguntou Romeu. À noite todos os gatos são pardos, respondeu Julieta. Romeu abriu a porta: segue-me. A agente estagiária seguiu-o por uma sala obscurecida. No quarto perguntou-lhe: porque estão as luzes apagadas? Contratei-te para me dares umas lições de sexo. Sou uma pessoa conhecida e prestigiada e não quero ser reconhecido. Acontece que me apaixonei por uma bela dama que ainda não o sabe. Consultei uma cartomante e um astrólogo que me garantiram que serei correspondido, mas que tenho de mostrar proficiência. Deixa-te de tretas Romeu, eu também faço o meu trabalho com profissionalismo e gosto de ver o que faço. Acende a luz, sei ser discreta. Quem te disse o meu nome? Ninguém me disse. Basta-me ouvir o teu discurso. Ok…Vou acender a luz. Romeu viu então uma figura alta, com a silhueta disfarçada por um casaco comprido. A suposta prostituta virou-lhe as costas e foi-se libertando lentamente da peça de vestuário exterior. Por debaixo vestia uma t-shirt ousada e uns calções curtos. Virou-se sem pressa. Romeu embatucou. Julieta de olhos semicerrados desinibiu-se no seu papel: perdeste o pio? Eu não acredito-balbuciou-és a mulher que me tira o sono …e prostituta. Julieta observou o corpo de Romeu seminu e deu uma sonora gargalhada: mas és o tipo que me costuma comer com o olhar. Sou. Afinal já reparaste em mim? Reparei. E digo-te mais, eu não acredito em cartomantes mas que acertam, acertam. Como assim? Em cada dia que passava junto à loja para o meu trabalho me interrogava: será hoje que este pasmado se declara? Caramba, foi preciso o inspector Shakespeare suspeitar que és um assassino para desencalhares da fase do galanço! Raio! O amor se tem mesmo que acontecer salta todas as barreiras e ironia das ironias, regra geral, os namoros acabam na cama, este é onde começa. Sou Julieta Queiroz da polÃcia Judiciária em serviço de investigação e que investigação... Romeu e Julieta cruzaram olhares ternurentos e entrelaçaram as mãos. A intensidade do gesto despoletou o alarme. Quieto, disse o agente BasÃlio de arma apontada ao peito nu de Romeu. Shakespeare aproximou-se: bom trabalho doutora. Apanhamos o bandido? Bandido? que bandido?, respondeu Julieta. Este é apenas o meu bandido. Mas o alarme, tocou. Foi falso alarme inspector. Isto é uma longa história. Está tudo sobre controle. Pode sair descansado. Deixe-me acabar o meu trabalho… Happy end Advertência: no cumprimento dos princÃpios da moral judaico-cristã esta história acaba aqui. Obrigado Pós epÃlogo A vida é uma ficção escrita pelo destino O agente BasÃlio arrastou suavemente o inspector para a rua. Pela primeira vez viu-o perder a compostura e desafivelar a máscara de policial. Lágrimas corriam-lhe pela face. Não se sente bem chefe? Aconteceu uma desgraça primo BasÃlio. Conhecemo-nos desde a infância. Posso fazer-te uma confidência. Na juventude tive uma relação com uma moça de boas famÃlias. Preconceitos de classe não nos deixaram ser felizes. Desse amor nasceu uma criança. A moça casou com um rico comerciante e sumiu com o filho. Hoje voltei a vê-lo. Reconheci-o por um sinal inconfundÃvel no ombro. É o Romeu. Porra inspector como o compreende. Isto até parece uma novela mexicana. Não parece é, BasÃlio, porque o mais trágico é que Julieta também é minha filha! Passou-se dos carretos doutor Shakespeare? Antes me tivesse passado. Para matar o meu desgosto de amor envolvi-me com uma corista do Parque Mayer. Essa relação foi passageira e dela só sobrou Julieta. Nunca assumi a paternidade mas sempre a acompanhei, incógnito. Fiquei feliz quando veio para a polÃcia. Da mãe herdou a beleza e tem os meus genes de investigadora. Sou mesmo um biltre. Criei as personagens e perdi-lhes o controle. Acalme-se inspector é a vida. A vida meu amigo e primo é uma ficção escrita pelo destino. Umas vezes escreve tragédias, outras escreve comédias. Não sei qual preferir. Deixa para lá primo inspector. O que tem que ser é. São jovens, estão felizes, o que quer fazer? Os tempos mudaram Shakespeare. Os criadores já não controlam as personagens que criam. Olha, vamos até à casa da Mariquinhas, comer um galo capão de cabidela para matar a dor e beber um alvarinho para afogar as mágoas. A seguir logo se vê...
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