Nação Valente
Contribuinte Activo
![*](http://www.escritartes.com/forum/Themes/default/images/star.gif) ![*](http://www.escritartes.com/forum/Themes/default/images/star.gif) ![*](http://www.escritartes.com/forum/Themes/default/images/star.gif) ![*](http://www.escritartes.com/forum/Themes/default/images/star.gif)
Offline
Mensagens: 1279 Convidados: 0
outono
|
![](http://www.escritartes.com/forum/Themes/default/images/post/xx.gif) |
« em: Janeiro 02, 2014, 23:06:28 » |
|
E se uma desconhecida ou desconhecido (depende do género) o quiser levar para casa? ImpossÃvel? Garanto-lhe que não! Garanto-lhe com a verdade de experiência feita. E não ouse pensar que isto é uma ficção de um escriba sem assunto. Aconteceu. Aconteceu, tal e qual, como o vou relatar.
Estava eu a sair de uma pacata pastelaria, onde como pacato cidadão tinha ido comprar pão. No mesmo instante ia a passar uma dama, coisa perfeitamente normal. O que já não é normal, parece-me, foi o que aconteceu a seguir. A dama desconhecida parou, encostou-se suavemente à minha pessoa, segurou-me por um braço, sem pedir licença, e disparou uma saraivada de palavras: "quer ir comigo para a minha casa?". Estou a brincar? Garanto que foi assim. Tal e qual!
Agora vem a parte mais difÃcil. Que resposta dar ao estranho convite? Poderia ter perguntado para que me queria a tipa na sua casa. Concerteza que não seria para mordomo, espécie há muito em extinção. Nem seria para fazer de pai Natal porque na altura o Natal já era. Poderia ser uma alma caridosa que me viu como uma alma penada, perdido na vida, sem sitio para descansar. Tudo é possÃvel. Mas não resisto e foje-me o pé para o chinelo. A dama não quereria levar-me na condição de macho, sem sentido pejorativo e na verdadeira acepção da palavra? E se assim fosse o que poderia acontecer? Não sei.
A verdade acima de tudo. A verdade é que não fui! Se calhar desiludi a dama. "Tem medo de mim?" foi outra frase que registei. Medo de mulher? Garanto que não tenho. Não tenho é lata de chegar junto a uma qualquer jeitosa e dizer de chofre "quer ir para a minha casa?". Mesmo que o deseje, penso e repenso, no recato do pensamento, as mil e uma estratégias de o conseguir. E de tanto imaginar cenários acabo de me perder nos labirintos neuronais. Quando de lá saio, já a dama partiu para outros horizontes. Raio de vida: ou oito ou oitenta?
Estava entre a espada e a parede ou entre a cruz e a caldeirinha. O diacho que escolha. Onde tinha a gaja a cabeça?? Há por aà tantos e muito melhores. Mais atléticos, mais atraentes, mais disponÃveis e especialmente mais novos. O que estaria a dama a pensar? Que era um invertido (do contra evidentemente), um florzinha (de estufa claro)? E porque carga de água foi logo escolher-me a mim? Acharia que eu o único homem disponÃvel? A não ser que seja apreciadora, no caso de me querer comer, de galo velho e duro de roer.
Meus amigos, sou obcecado pela verdade. Garanto-vos, sem contradição, que todo este arrazoado é pura ficção. Tudo, com excepção dos factos que serviram de mote. Em nome da verdade resume-se em poucas palavras: uma dama abordou-me e disse: "quer ir comigo para minha casa"? "Não" respondi, secamente. "Tem medo de mim?". "Não...tenho mais que fazer". Foi como sucedeu. Ponto. O resto é como gostaria que tivesse acontecido e garanto que não foi. Raio de sorte. Porque é que na hora H me falta o discernimento? Porque é que não exploro os preliminares para ver o que dá? Refugiu-me no lugar comum, ninguém é perfeito. Mas bolas, precisava de tanta imperfeição? Porque não aprendo que o cavalo (ou a égua) da oportunidade só passa uma vez. Consolo-me com a ideia que a dama foi uma fada que me apareceu para me dar "bitaites" para este texto, em tempo de secura imaginativa. Fraca consolação, mas que posso fazer?
MG
|