Herdámos as raízes dos versos buliçosos

[Mel de Carvalho]

Herdámos as raízes dos versos buliçosos
onde juvenis sorrisos eram planos e largos.

Nesse tempo, os silêncios dormiam acordados
e os cisnes, os cisnes, meu amado,
ainda acreditavam que as penas que viam nos lagos
perfidamente gelados,
eram tão-somente vestes d’anjos viandantes
em erudições ubíquas.

Que o Sol viria, que o Sol se faria dia …
no pleno das emoções.

Todavia, na floresta em que crescemos
os verdes apodreceram em líquenes maculados
quando pássaros confinados às grades do luar -
pássaros de bicos cerrados -, emudeceram
sem regra e sem razão a força do seu cantar.

Herdámos as raízes dos versos turbulentos,
dos estigmas assombrados,
dos arroubos de ginetes enclausurados ...

E o tempo de ser tempo, do luar prosperar
e nos banhar a nudez rubra da pele,
perdeu-se, definitivamente,
nas bainhas de gládios pontiagudos
fundeados na concupiscência magoada do mar.

Mel de Carvalho

[Vera Silva]

Escrita sempre divina!

Beijo grande querida Mel

[João Videira Santos]

Será que consigo "Herdámos as raízes dos versos buliçosos"?
Será?
Como sempre palavras fortes no incomum da poesia a que nos habitua. Gostei. Sin-ce-ra-men-te!

[Goreti Dias]

Um dia, os pássaros libertar-se-ão dessas grades (mesmo sendo de luar hão-de querer fugir ...) e entoarão as mais belas canções de amor e liberdade!
Um beijo

[Zélia]

A natureza se perde nos labirintos do concreto e da tecnologia...
Seu poema é bonito e tem uma tematica muito rica! Parabéns!
Beijos e um dia muito feliz!

[Mel de Carvalho]

Será que consigo "Herdámos as raízes dos versos buliçosos"?
Será?
Como sempre palavras fortes no incomum da poesia a que nos habitua. Gostei. Sin-ce-ra-men-te!

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Obrigada, João. Hoje andei a revisitar-me. Uma espécie de peregrinação no tempo. Não gosto de me ler, mas hoje, fi-lo... aliás, há dias que ando a fazê-lo. E encontrei este poema e o seu comentário e decidi agradecer.

Bem-haja
Mel