Sem título(98)

[Dionísio Dinis]

Não quero filosofias nem poemas que falem da natureza das coisas,

como se a natureza das coisas fosse abstracção matemática

ou grandiloquentes metáforas cheias de coisa alguma.

A realidade de mim ou da árvore que me abriga

é apenas a visão ou o sentir da sua beleza e do peneirar do sol, dos ventos

nas suas folhagens, direi apenas que são ventos  ou talvez música da floresta .

Por mais significados e mil palavras inventadas, não lograrei explicar-me para além do

que é a minha essência, nem farei mais real a árvore que me abriga de todas as

intempéries.

Da verdade das coisas e dos seus nomes, limito-me a saber sentir o que agora é meu

merecimento, e não profanar o íntimo das coisas e dos seres, é saber mais do que posso

merecer enquanto vivo.

Basto-me sem filosofias nem poemas, contento-me no acolhimento da árvore

sem querer saber mais do que ela é, sabendo apenas que as suas raízes tomam e

renovam incessantemente meu ser.

Saber disto tudo, sem saber de filosofia nem de poesia, poderá ser coisa pouca, poderá

ser quase nada, mas eu que sou de viveres simples, deixo-me a viver em contentamento

de saber que da floresta, fui bafejado com a mais bela das árvores.
 


Dionísio Dinis

[Dionísio Dinis]

 Imensamente grato pelo seu generoso comentário, amiga Laura.

Abraço fraterno

[carlossoares]

D. Dinis,

começo por salientar o meu grande agrado em ler este poema melodioso como uma cantiga de embalar, porém, paradoxal, a lembrar Alberto Caeiro, um Alberto Caeiro que faz esquecer que tem por trás Fernando Pessoa, como este poema, que não quer filosofias, assenta numa filosofia ou, pelo menos, concepção acerca da relação do poeta com a realidade, mas também, e isto é um ponto muito forte deste poema, numa valoração dessa realidade que descredibiliza o mero conhecimento intelectual, lógico-dedutivo (eticamente e) esteticamente neutro.
Parabéns.
Abraço

[marcopintoc]

Caro Dinis

Um agradecimento deste leitor que , após o cinzentismo da urbe engarrafada e o vazio dos olhares de transeuntes apressados , leu esta sua obra , recostou a cabeça na cadeira e fechando os olhos enganou o ar condicionado e sentiu uma lufada com cheiro a floresta trazida por este , verdadeiramente bom , poema.

[mariarosa]

és um completo delicado, DD!! 

[Goreti Dias]

A árvore por si cantada, regada e cuidada há-de dar os mais belos frutos dessa floresta mágica! Alimente-se deles e a vida se fará plena de paz.
Um texto repleto de belas imagens poéticas, sensibilidade e delicadeza sublimes...
Um abraço

[elvira]

Olá Dinis, de facto ao ler o seu poema, voltei ao princípio mastiguei-o devagar saboreando cada pedaço, enebriando-me com os odores, a primavera entrou-me em casa. Um bem haja por me ter feito sentir tão bem. Bjs

[Dionísio Dinis]

Bem-haja poeta, pelas palavras extremamente gentis que dedica ao meu escrito.

Abraço fraterno

D. Dinis,

começo por salientar o meu grande agrado em ler este poema melodioso como uma cantiga de embalar, porém, paradoxal, a lembrar Alberto Caeiro, um Alberto Caeiro que faz esquecer que tem por trás Fernando Pessoa, como este poema, que não quer filosofias, assenta numa filosofia ou, pelo menos, concepção acerca da relação do poeta com a realidade, mas também, e isto é um ponto muito forte deste poema, numa valoração dessa realidade que descredibiliza o mero conhecimento intelectual, lógico-dedutivo (eticamente e) esteticamente neutro.
Parabéns.
Abraço

[Sandra Fonseca]

Um prazer ler esse post. Uma sensação de que não precisamos de grandes explicações para os seres e as coisas. Basta mesmo a emoção que tudo nos inspira, basta estar, e ser.
Essencial!
Um abraço.

[Dionísio Dinis]

Amigo Marco, fico feliz por lhe ter proporcionado, com o meu escrito, um momento diferente e de descontração.

Abraço fraterno

Caro Dinis

Um agradecimento deste leitor que , após o cinzentismo da urbe engarrafada e o vazio dos olhares de transeuntes apressados , leu esta sua obra , recostou a cabeça na cadeira e fechando os olhos enganou o ar condicionado e sentiu uma lufada com cheiro a floresta trazida por este , verdadeiramente bom , poema.

[Goreti Dias]

Voltei para reler...

[Dionísio Dinis]

Obrigado!