Cartaz de rua na parede da minha alma.

[Teresinha Ferraz]

Fazes-me lembrar os cartazes colados nas paredes da rua principal, principalmente os dos maiores espectáculos, aqueles que nos assustariam ou nos fariam suster a respiração de tão fabuloso que seria, das mil e uma cores dos panejamentos que ofuscariam o olhar, da cantoria que se instalaria... esses mesmos cartazes que a cada gota de chuva ficam mais rasgados e gastos. A unica coisa que difere é que a ti o que rasga o coração e o desgasta, não é a chuva, mas sou eu. Isso os espectadores não perdoam, nunca perdoaram, nem mesmo à maior estrela em palco...
Então voltas a repetir o teu acto principal, aquele em que mais brilhas e mais cativas na esperança que isso me provoque qualquer uma dessas emoções que a tantos outros marca na alma. Mas eu continuo a reparar nas centenas de pormenores àparte... na música, no cheiro a alecrim, no som da trovoada distante, nos olhares das pequeninas crianças que se assustam a cada relâmpago... por fim, em tudo, menos em ti.
Por mais que causasses gargalhadas em todos os rostos, no meu não o causavas mais.
Não sei se é pelo nosso passado ou pela raiva que ainda nutro por ti e pelos actos pouco sensatos que tomas, a verdade é que nunca mais conseguiste tocar-me...
Tentavas, múltiplas vezes tu tentavas, o pior é que nunca captavas a réstia de amor que eu sabia sentir. Não conseguias colocar esse sentimento por cima da reacção... Oh, como o feitiço se virou contra o feiticeiro!
E, como prometido é devido, por ti, nunca mais derramei uma lágrima, nunca mais rasguei um sorriso, nunca mais sequer olhei para a figura que se destacava no meio do espectáculo por ser tão emocional nas suas palavras. Mas, poucos eram os que sabiam que o mesmo não se passava nos teus actos, e os fazias e continuarias a fazer, sem pensar sequer numa única emoção.

Mesmo assim, hoje, ainda te sinto em mim, esteja onde estiver, para que lado me virar, seja em que direcção olhar, em que cartaz de rua me colocar...

[Goreti Dias]

Também os cartazes têm o seu papel a cumprir!
Um bom texto!

[Qel Cascarejo]

«Fazes-me lembrar os cartazes colados nas paredes da rua principal, (...) esses mesmos cartazes que a cada gota de chuva ficam mais rasgados e gastos».

Adoro, adoro, adoro as tuas metáforas.
(quase que) adivinho sobre quem/o quê é este lindo(!) texto.

Tenho saudadinhas tuas, Mirandazinha (': ^^

qetel<3


digo e repito