Palavras que eu nunca te direi

[O Verso Vicia]

Desculpe Damasco mas não resisti a colocar um soneto antigo.

De nada valem versos como este
se forem lidos sempre a correr,
sem verem o que eu quero dizer.
Se passas os teus olhos mas não leste

aquilo que se esconde entre linhas.
Segredos abafados numa rima,
escritos para não virem acima,
parecem coisas vãs ou picuinhas.

Não sei há quanto tempo isto dura
mas água quando bate até fura.
Se és como uma pedra eu não sei.

E solto o melhor das minhas veias
na louca esperança que tu leias
palavras que eu nunca te direi.

[Carla Costeira]

Passei os olhos e li! Melhor ainda... li e gostei muito!!!

[Goreti Dias]

E eu também gostei! Deveras!
Um abraço

[O Verso Vicia]

Vocês são uma simpatia.

Obrigado.

[damasco]

Não. Quem pede desculpa sou eu.

Nada disse
das folhas que me sobraram
queimadas no fogo do jardim
que ainda agora ardi,
perdidas que foram
mil palavras, frases e ideias.
E nada disse
quando a rajada de vento fugiu,
me invadiu a casa,
soprou devagar enquanto passava na varanda
e arrancou a pintura azul.
E nada disse
quando o último respiro que sobrou,
me encantou,
me levou de volta onde não queria
e sussurrou sim
como sempre o fazias,
arrancado com violência.
E de nada vale
semear erva, semear flores, semear cores.
No lugar onde o vento passou
já só há frio e terra seca.
E de nada valem
as palavras que nunca te direi
se me secam nas veias
por não serem ditas.

[Dionísio Dinis]

Estas são palavras que sempre lerei!Ou de como o aparentemente simples, pode ser claramente muito bom!