As estrelas

[José-Augusto de Carvalho]

Motivos do Alentejo

                                       

                                As estrelas

 
                        No céu distante, as pálidas estrelas
                        lucilam sobre o dorso do povoado.
                        Menino, o Tóino insiste em entendê-las,
                        naquele seu diálogo cifrado.
 
                        Na mesa, a magra ceia. Que bem cheira!
                        Açorda, de coentros temperada,
                        e peixe de água doce, da ribeira,
                        que as jornas baixas já não dão p'ra nada!
 
                        Um brado acorda o Tóino: vem prà mesa!
                        E Tóino vem... A mãe chamando já!
                        Enquanto lava as mãos, confidencia:
 
                        Oh, mãe, há um mistério, de certeza,
                        no brilho das estrelas! Qual será?
                        E a mãe responde: irás saber, um dia...
 
 


José-Augusto de Carvalho
3 de Julho de 2008.
Viana*Évora*Portugal
(Recuperando textos escritos nos meus vinte e poucos anos de idade... com as correcções indispensáveis impostas pela anciania de hoje)
 

[Goreti Dias]

Pela sabedoria de hoje, queres tu dizer! É muito bom ter-te por aqui de novo!
Uma cruel realidade pintada a pinceladas de esperança!
Um abraço

[Sandra Fonseca]

Maravilhoso o seu soneto. Os sonhos estão ao alcance de todos como também o mistério das estrelas. Adorei a leitura.

[RosaMaria]

Olá José
Belo o seu soneto...  "na mesa a magra ceia..... /Tóino vem prá mesa.... mistério no brilho das estrelas....  Bem que ele as olhava eram sonhos certamente.
Simples e lindo
jinhos
Rosa Maria

[José-Augusto de Carvalho]

Olá, Goreti!
Muitos e graves problemas provocaram a minha ausência. Agora, devagarinho, estou tentando retornar.
Grato pelo comentário e pelas boas-vindas que reiteras.
Bj, no teu coração.
J-A

[Laura]

Linda evocação do Alentejo, que tanto amo. Obrigada por me fazer sonhar com ele. Açorda de coentros... Um céu estrelado sem luzes artificiais a embaciar... deitados de costas, na palha... os aromas quentes da terra suada.

[Goreti Dias]

 
Boa noite, prezadas Sandra, Dite e Rosa Maria!
Aqui lhes deixo a minha gratidão pelos comentários.
Até sempre!
J-A

[José-Augusto de Carvalho]

Bom dia, prezada Laura!
Grato pela apreciação e pelo carinho que dispensa a este meu chão.
Cumprimentos.
J-A