Sinto-me Imune

[Deolinda]

Desejo de imunidade

O céu azul que decide escurecer…
Sinto-me imune!
A lágrima que ousa não ser a derradeira…
Sinto-me imune!
A guerra que esmaga corações inocentes…
Sinto-me imune!
O pão que não chega à boca do mais pobre…
Sinto-me imune!
A brecha que no corpo não se fecha…
Sinto-me imune!
O sol que se esconde de vez nas trevas…
Sinto-me imune!
A solidão que clama ser a companheira…
Sinto-me imune!
O rasgo da tenda que serve d’abrigo…
Sinto-me imune!
O coração que decide deixar de pulsar…   
Sinto-me imune!

[Marília]

nADA IMUNE 

PALAVRAS SE CONTRADIZEM 

E NOS ENCHEM DE PRAZER 

O SEGREDO DA IRÔNICA PÁGINA 

[Jorge Luiz Alves]

Permita, ao menos, que a poesia seja o alfinete a despertar-te da letargia cotidiana!

Um abraço do Jorge Luiz.

[Dionísio Dinis]

E como escrevia Brecht, sobre a o aniquilamento de todos os que não estavam com Hitler, escrevia ele, mais ou menos isto mas por palavras melhor inventadas: quando a coisa foi com ciganos, ele não era cigano, podia descansar; quando a barbárie se voltou contra os comunistas, ela não professava dessa ideologia, estava então seguro no seu canto; quando foram os homossexuais atingidos pela sanha assassina de Hitler, a personagem de Brecht não navegava nessas rotas, portanto nada tinha a ver com os massacrados; quando foram na leva do extermínio, poetas, intelectuais e cientistas, a personagem continuou imune, ela não era nem pertencia a essa classe em exterminação. A bendita personagem só percebeu da sua solidão absoluta , do seu egoísmo atroz, quando chegou a sua vez de ser perseguido, quando nessa altura se viu só, quando constatou que nem os mortos podiam ser solidários com ela!Somos ironicamente imunes a tudo, não somos de facto inconscientes de nada!
Gostei do seu poema!

[Sandra Fonseca]

Gostei da pulsação desse poema. Tudo fere e toca profundamente. Desejar ser imune não passa, assim, de um desejo.
Um abraço.

[Goreti Dias]

Melhor deixar de ser tão imune! Ganha-se em felicidade ... às vezes!
Um abraço